São Jorge é uma ilha que reúne uma beleza natural, imponente na sua silhueta estreita, alongada, montanhosa, semelhante à de um dragão. Esconde alguns dos mais belos trilhos do arquipélago, piscinas naturais incríveis e é altamente viciante para os amantes de queijo. E no entanto, o melhor de São Jorge é impossível de transmitir em imagens ou palavras.
É esse olhar inicialmente curioso (diria mesmo desconfiado) que, assim que percebe um sorriso, abre-se para outro cinco vezes maior. É deixar a porta da casa (e do carro) destrancada durante horas sem qualquer problema. É ir a casa de um vizinho pedir algum detergente e sair duas horas mais tarde com três tipos diferentes de aguardentes caseiras no estômago e com um mestrado em bordados e colchas de retalhos. São Jorge dá-lhe o melhor de uma viagem, se lhe der o tempo que merece. Se vier com menos dias, terá uma das melhores vistas de falésias verdes e negras que descem a impressionantes piscinas naturais e um imenso desejo de regressar.
Não se deixe enganar pelo seu tamanho, São Jorge fez com que uma semana nos parecesse muito curta. Neste guia tentamos refletir tudo o que São Jorge tem para oferecer, com sugestões práticas, roteiros de 2 a 7 dias, onde ficar e até a que restaurantes ir, para que a sua viagem seja tão incrível como a nossa foi.
Conteúdos
- Informação prática para visitar a ilha de São Jorge
- Quando visitar a ilha de São Jorge
- Como chegar à ilha São Jorge
- Quantos dias dedicar à ilha de São Jorge
- O que visitar e fazer na ilha de São Jorge
- Mapa de São Jorge
- Fajã do Ouvidor e Poça Simão Dias
- Fajã da Ribeira da Areia e o seu arco vulcânico
- Fajã dos Cubres
- Fajã da Caldeira de Santo Cristo: a pérola da ilha
- Fajã dos Vimes e as suas plantações de café
- Fajã de São João
- Topo e Ponta do Topo
- Calheta (Fajã Grande)
- Fajã das Almas
- Pico da Esperança
- Urzelina
- Velas
- Fajã do Além
- Fajã de João Dias
- Miradouro do Pico da Velha
- Parque Florestal Sete Fontes
- Ponta dos Rosais
- Curiosidades de São Jorge
- Os melhores trilhos para caminhadas na ilha de São Jorge
- Onde mergulhar em São Jorge
- Onde ficar na ilha de São Jorge: melhores zonas
- Restaurantes que recomendamos na ilha de São Jorge
- Roteiros de viagem na ilha de São Jorge para 3, 5 e 7 dias (uma semana)
- Transporte: alugar um carro na ilha de São Jorge
- Quanto custa uma viagem à ilha de São Jorge?
- Apps úteis para viajar para São Jorge
- Dicas e recomendações para desfrutar da ilha de São Jorge
- Checklist: o que levar na sua mochila/mala para a ilha de São Jorge
Informação prática para visitar a ilha de São Jorge
São Jorge é a ilha mais central do grupo central do arquipélago açoriano, a quarta maior, e é conhecida como a ilha do dragão adormecido devido à sua forma alongada e estreita e cujas cadeias montanhosas nos lembram a silhueta deste ser mitológico. É também a ilha das fajãs, tem mais de setenta, classificadas como Reserva da Biosfera da Unesco. E o que é uma fajã? São terrenos planos localizados na costa marítima, formados ou por derrocadas de um penhasco (a maioria deles) ou por fluxos de lava que entraram no mar (conhecidos como fajã lávica, das quais há apenas um par). Nem todas as fajãs são acessíveis de carro e, há algumas que só podem ser alcançadas a pé (através de trilhos incríveis). Estes terrenos que irrompem no mar, onde a vida cresce, são o que torna São Jorge tão especial (por causa da sua orografia e geologia) embora as “fajãs” não sejam exclusivas desta ilha. Se tiver acompanhado a nossa viagem pelo arquipélago açoriano durante 2 meses, saberá que existem fajãs por todos os Açores (na realidade, em toda a Macaronésia).
Moeda: Euro
Idioma: Português
População: 8000 (em 2021)
Orçamento diário: A partir de 70 euros/dia por pessoa (aprox.) para uma viagem de uma semana. Mais informações sobre o orçamento aqui
Clima: A melhor altura é a Primavera/Verão, evitando julho e agosto devido ao elevado número de turistas, descubra mais sobre quando visitar aqui.
Alojamento: O alojamento está concentrado no sul (por exemplo Urzelina, Velas ou Calheta) Mais informações sobre onde dormir aqui .
Duração: Mínimo 3 dias. Idealmente 1 semana. Mais informações sobre quantos dias dedicar a São Jorge aqui.
Voos: Terá de voar primeiro para uma ilha dos Açores com ligação ao exterior do arquipélago (São Miguel, Terceira, Faial ou Pico) e de lá voar ou ir de barco para São Jorge. Recomendamos a utilização de comparadores de voo como o Skyscanner e o Kiwi e ser flexível com as suas datas. Mais informações sobre como chegar a São Jorge podem ser encontradas aqui .
Transporte: A melhor opção é alugar um carro. Fizemo-lo com a Autatlantis e adorámos: carros novos, a melhor política de franquia e nenhuma “letra pequena” para desconfiar. Mais informações aqui
Fuso horário: UTC +0. A hora no arquipélago dos Açores (Portugal) é uma hora menos que no Continente
Quando visitar a ilha de São Jorge
Os melhores meses para viajar para São Jorge são, na nossa opinião, maio, junho e setembro, pois é ideal visitar a ilha durante os meses de Primavera/Verão, tentando evitar julho e agosto, que são os meses com mais turismo. Junho e setembro tendem a ser os melhores meses, com bom tempo, águas ainda convidativas e turismo menos sobrelotado.
Como em todas as ilhas açorianas, o Verão tende a ser o tempo com melhor clima: temperaturas mais altas, menos hipóteses de chuva e mais hipóteses de desfrutar das espetaculares piscinas naturais que São Jorge tem para oferecer.
Em qualquer caso, o tempo em São Jorge (e nos Açores em geral) é muito variável, pelo que não há garantias em qualquer altura do ano (diz-se frequentemente que se podem ter as 4 estações do ano num só dia). Alguns planos (tais como escalar o Pico da Esperança) não são agradáveis se o dia não estiver sem nebulosidade.
Tabela do tempo em São Jorge, com temperaturas e dias chuvosos por mês:
Mês | Temperatura média | Temperatura média (água) | Dias de chuva |
---|---|---|---|
Janeiro | 13º | 18º | 8 |
Fevereiro | 12º | 18º | 7 |
Março | 13º | 18º | 8 |
Abril | 14º | 18º | 7 |
Maio | 16º | 19º | 7 |
Junho | 18º | 21º | 4 |
Julho | 20º | 22º | 2 |
Agosto | 21º | 23º | 3 |
Setembro | 20º | 24º | 7 |
Outubro | 18º | 23º | 10 |
Novembro | 15º | 21º | 10 |
Dezembro | 14º | 19º | 10 |
Mês | Temperatura média | Temperatura média (água) | Dias de chuva |
Se quiserem coincidir a vossa viagem com uma festa popular, aqui estão as mais importantes:
- Festa em honra do santo que dá nome à ilha (São Jorge): 23 de abril, em Velas
- Semana Cultural das Velas: em julho, também em Velas, com palestras, concertos, uma feira do livro e eventos gastronómicos.
- Festa de julho: em julho, na Calheta, com exposições, música popular, etc.
- Festas do Espírito Santo: entre maio e setembro, são as festividades mais importantes de todas as ilhas açorianas.
Como chegar à ilha São Jorge
Não há voos diretos para São Jorge a partir do exterior do arquipélago, pelo que só se pode chegar à ilha, voando a partir de outras ilhas dos Açores. Há voos de Portugal ou de Espanha para o arquipélago:
- De Lisboa a Ponta Delgada (São Miguel), às Lajes (Terceira), ao Pico ou à Horta (Faial)
- Do Porto a Ponta Delgada (São Miguel) e Lajes (Terceira)
- De Madrid a Ponta Delgada (São Miguel) mas, de momento, apenas no Verão.
- De Barcelona a Ponta Delgada (São Miguel) mas, de momento, apenas no Verão.
Os voos mais baratos são geralmente os voos da Ryanair de Lisboa/Porto para Ponta Delgada (São Miguel) ou Lajes (Terceira), embora por vezes também se possa encontrar bons preços com a Tap (a companhia aérea portuguesa) ou com a Sata (a companhia aérea açoriana responsável por todos os voos inter-ilhas), mas para obter o melhor preço, o ideal é ser flexível com datas e utilizar sites de comparação de preços como o Skyscanner e o Kiwi.com.
Uma vez no arquipélago, pode chegar a São Jorge de duas maneiras:
- De avião, com a Sata. Pode consultar os horários e preços no site oficial da Sata, a companhia aérea regional dos Açores.
- Por barco de uma das ilhas vizinhas do grupo central:
Pode consultar os horários dos barcos e comprar bilhetes com antecedência em https://www.atlanticoline.pt/ (embora os horários e as rotas sejam normalmente muito melhor explicados aqui).
Aqui está um mapa com as 4 linhas (azul, verde, roxo e branco) que ligam as 5 ilhas do grupo central dos Açores:)
Quantos dias dedicar à ilha de São Jorge
Recomendamos um mínimo de 3 ou 4 dias, embora o tempo ideal para visitar São Jorge seja uma semana, para permitir flexibilidade para o caso de apanhar mau tempo (o tempo nos Açores é uma lotaria independentemente da época do ano), para fazer os trilhos, para descobrir fajãs acessíveis apenas a pé, para desfrutar das piscinas naturais no Verão, etc. Por esta razão propomos diferentes tipos de roteiros, de mais ou menos dias, que pode ver aqui.
Seguro de viagem para os Açores
Sabe o que nunca pode faltar na sua mochila? Um bom seguro de viagem! E na sua viagem aos Açores recomendamos o seguro Iati Escapadinhas, ideal para aventuras em Portugal e em toda a Europa.
Além da assistência médica por lá, o seguro também cobre imprevistos que possam acontecer na viagem aos Açores quando fizer desportos de aventura como trekking, caiaque, rafting, snorkeling, surf ou windsurf e até num passeio de bicicleta e/ou roubo da mesma. Além disso, se acontecer algo com a sua bagagem (danos, roubo, atraso na entrega ou extravio), a Iati também ajuda.
Leia atentamente as condições de cada apólice e contrate o seguro que melhor se adapta às suas necessidades. No Randomtrip oferecemos-lhe um desconto de 5% só por ser Randomtripper, basta fazê-lo através deste link e o desconto será aplicado!
O que visitar e fazer na ilha de São Jorge
Aqui está um resumo dos locais de interesse a visitar em São Jorge, e abaixo está um mapa e informações específicas sobre cada local.
O que ver e fazer em São Jorge
- Descubra o maior número possível das mais de 70 Fajãs.
- Experimente os diferentes tipos de Queijo da Ilha, com mais ou menos cura.
- Desfrute de algumas das piscinas naturais mais impressionantes do arquipélago.
- Muita caminhada em todo o tipo de trilhos, com a companhia de vacas.
Mapa de São Jorge
Aqui estão todos os locais de interesse em São Jorge de que falamos neste guia num mapa do Google Maps que pode levar consigo no seu smartphone para consultar em qualquer altura.
Aqui está também um mapa turístico com as estradas de São Jorge (clique na imagem para o descarregar em tamanho e resolução maiores).
Fajã do Ouvidor e Poça Simão Dias
A Fajã do Ouvidor é uma das mais famosas fajãs de São Jorge, não só pela sua beleza mas também por ser uma estância balnear bem conhecida entre a população local.
É a única fajã que tem restaurantes (plural) à escolha, um café, um farol e até uma discoteca! para além de algumas construções recentes que já ultrapassam em número as antigas e tradicionais casas de pedra. Aparentemente teve a ver com uma aprovação municipal que deu luz verde a novas construções na Fajã do Ouvidor e que divide e preocupa a população local.
Para além das vistas com que acorda se ficar aqui, e dos mergulhos que pode fazer na própria fajã, há outra razão pela qual este é um dos lugares mais procurados para passar o Verão… a sua proximidade com a Poça Simão Dias!
Esta fajã fica a uma curta distância (5 minutos) de uma das mais espetaculares piscinas naturais da ilha (e dos Açores em geral), a Poça Simão Dias. Se for no Verão, provavelmente irá encontrá-la bastante lotada, mas depois de a ver compreenderá porquê. A imensidão do azul turquesa entre as imponentes colunas de basalto e as montanhas verdes ao fundo compõe um verdadeiro espetáculo.
Um verdadeiro paraíso natural de águas profundas (e por vezes fortes correntes) de colunas verticais de basalto resultantes do arrefecimento e solidificação da lava.
A água estava fresca mas estava um dia tão quente e húmido (visitámos a ilha em junho) que os mergulhos foram bons para nós. No entanto, há um espaço limitado para colocar a sua toalha (sobre as pedras, onde encontrar espaço livre). O acesso é feito a pé, pode estacionar perto deste ponto, que é onde começa o pequeno caminho.
Para além da Poça Simão Dias, se quiser refrescar-se, há outra piscina natural nas proximidades, a Poça do Carneiro. Uma excelente opção se quiser desfrutar de um mergulho mais longe de um dos locais mais turísticos. O acesso é mais complicado, mas vale a pena.
A caminho da Fajã do Ouvidor, não se esqueça de parar no seu miradouro para ter uma vista panorâmica da linda fajã.
O nosso alojamento na Fajã do Ouvidor era a Pérola de Lava e adorámo-lo. Caso não haja disponibilidade e queira também ficar na Fajã do Ouvidor, recomendamos Casas da Eira Velha ( a partir de 80 euros/noite), também com vista para o mar. Para mais opções na área, aqui
Fajã da Ribeira da Areia e o seu arco vulcânico
A Fajã da Ribeira da Areia é uma das poucas fajãs de lava da ilha, ou seja, foi formada por um fluxo de lava que entrou no mar e não por queda de um penhasco. Não é tão conhecida ou visitada como a sua vizinha Fajã do Ouvidor, mas não é menos espetacular por isso.
Se se aproximar do lado esquerdo da fajã (pode estacionar aqui), pode ver belas paisagens vulcânicas contrastando com o mar, com lava solidificada, grutas e um espetacular arco vulcânico rodeado por águas azul-turquesa.
Fajã dos Cubres
Ao contrário da sua imponente vizinha, que só é acessível a pé (a Fajã da Caldeira de Santo Cristo, de que falaremos no próximo ponto), a bela Fajã dos Cubres pode ser alcançada de carro.
É uma das fajãs mais bem conservadas da ilha e deve o seu nome aos cubos, flores amarelas (também responsáveis pelo nome da ilha das Flores) que aqui abundam. Assim que se chega a Fajã dos Cubres, destaca-se o eremitério de Nossa Senhora de Lourdes, datado de 1908, junto a uma nascente de água considerada milagrosa pela população local, e as curiosas construções em basalto vulcânico.
Aqui encontrará uma lagoa que precede o mar e é o habitat de diferentes espécies de aves. Por esta razão, este sistema lagunar foi distinguido como um Sítio de Importância Internacional. Nas margens da lagoa há pastagens onde as vacas vagueiam livremente.
Na estrada que conduz à fajã, não se esqueça de parar no Miradouro da Fajã dos Cubres, de onde se pode ver a fajã com a sua lagoa e o mar, de cima.
Se se sentir com vontade de comer, este é um dos poucos lugares na ilha onde se podem experimentar as famosas (e únicas) amêijoas da Caldeira de Santo Cristo, no Spot.
A Fajã dos Cubres é também o fim (ou o início) do mais belo trilho da ilha, que liga a Serra do Topo a esta fajã, passando pela Caldeira de Santo Cristo.
Para saber mais, continue a ler.
Fajã da Caldeira de Santo Cristo: a pérola da ilha
Para todos os gostos (e não há falta de cores por aqui), se há um lugar essencial a visitar na sua viagem a São Jorge, é a impressionante Fajã da Caldeira de Santo Cristo. Não pensamos que seja apenas a Randomtrip, o prestigiado Viajante National Geographic considerou-o nada menos que o lugar mais bonito do mundo para ir de férias.
Para lá chegar, é preciso caminhar (ou, como último recurso, ir de moto quatro ou de barco), pois é inacessível aos carros, o que a torna ainda mais especial. O outro fator que a torna especial, é que até há pouco tempo não havia eletricidade (pelo que também não havia wifi) e a cobertura móvel ainda é fraca ou inexistente, tornando-a um destino procurado para desconectar, surfar e estar em paz no meio da natureza.
A Fajã da Caldeira de Santo Cristo já foi uma das mais povoadas da ilha, com quase 200 habitantes, mas o grande terramoto de 1980 (7,2 na escala de Richter) causou um tal deslizamento de terras que isolou completamente a fajã, forçando a maioria dos residentes a procurar alojamento noutros locais da ilha. Hoje em dia, pouco mais de 10 pessoas vivem aqui permanentemente. O facto de estar isolada justifica a pouca intervenção humana, as poucas casas existentes e a sua beleza natural quase intocável.
O caminho que atravessa a Caldeira de Santo Cristo começa (ou termina) na Serra do Topo (a uma altitude de 700 metros) junto ao Parque Eólico e termina (ou começa) em Fajã dos Cubres, que acabámos de mencionar no ponto anterior. Como é um trilho linear, pode começar na Serra do Topo ou na Fajã dos Cubres, mas recomendamos, para facilitar, que comece na Serra do Topo (pois de lá é praticamente tudo em declive).
Deixámos o carro no fim do trilho (Fajã dos Cubres, junto à igreja) e apanhámos um táxi para o início do trilho (Serra do Topo). Esta é uma ocorrência comum em São Jorge e pode acontecer em vários trilhos lineares, por isso deixamos-lhe o contacto de um taxista de confiança caso necessite de contratar o serviço nestes casos.
O contacto de táxi é John Moniz Taxi (telemóvel: +351919577223), John é muito amigável, gentil, profissional e até nos deu várias recomendações de restaurantes e onde mergulhar. A tarifa de táxi de Fajã dos Cubres (onde deixámos o carro) até à Serra do Topo (onde iniciamos o percurso) é de 23,50 euros.
São quase 10 km de paisagens incríveis, pastagens e flora endémica, grutas, cascatas de água fresca e transparente e até mesmo um santuário e um centro de interpretação. É um trilho que vale a pena percorrer lentamente, com calçado adequado, muita água e um fato de banho na mochila para desfrutar não só da queda de água no caminho, mas também da praia e da lagoa da caldeira (se o tempo estiver bom, claro). Para os observadores de aves este trilho é também ideal para observar cagarras, gansos e patos.
Durante o passeio terá de abrir e fechar as vedações para as vacas, e poderá mesmo deparar-se com uma ao longo do caminho. Após uma hora de caminhada, antes de chegar à pérola do trilho, Caldeira de Santo Cristo, pode dar um mergulho numa cascata pequena. Fica a cerca do km 3,5 do percurso.
Quando chegar à Fajã da Caldeira de Santo Cristo após 2 horas de caminhada, pare, tire a sua mochila, respire fundo e admire a beleza do que será provavelmente um dos lugares mais incríveis que verá na sua viagem aos Açores.
Tal é a tranquilidade, o carisma e mesmo, dizem, os poderes curativos desta fajã que muitas pessoas preferem desfruta-la durante vários dias como uma espécie de retiro (eletricidade, wifi e cobertura móvel estão em falta aqui).
Se tiver oportunidade, não hesite. A Casa da Caldeira e o SurfCamp (a partir de 45 euros, suítes com vista para o mar, quartos duplos e quartos partilhados), a Casa da Lagoa (a partir de 80 euros, 2 quartos, adequados para até 6 pessoas), a Casa da Fajã (a partir de 84 euros, uma casa com dois quartos com vista para o mar) ou a Casa da Caldeira (a partir de 180 euros, apartamentos diferentes para 2, 4 e até 7 pessoas), são ótimos locais para descansar durante alguns dias, ou mesmo uma noite (e fazer o percurso em dois dias).
Uma das peculiaridades desta fajã é a qualidade das suas ondas para o surf e bodyboard que a torna muito conhecida e mesmo uma espécie de santuário no mundo do surf. Parece que, dependendo da estação do ano, as ondas são muito boas, o que atrai surfistas de todo o mundo. Se também surfa ou quer experimentar, está no sítio certo. A Caldeira GuestHouse & SurfCamp tem pranchas de surf, pranchas de remo, canoas, kits de snorkel e até bicicletas, motocicletas e quads para o levar às ondas.
Reserve aqui o seu alojamento na Caldeira de Santo Cristo
A outra curiosidade da Caldeira de Santo Cristo são… as suas amêijoas! Há um tipo de amêijoa (enorme) que só cresce aqui, na lagoa da caldeira. Não se sabe como aqui chegaram (a teoria mais plausível é que foram trazidas pelos ingleses que trabalham na instalação de um cabo submarino), mas sabe-se que estão aqui há mais de 100 anos e que nesta lagoa encontraram o seu habitat perfeito. A lagoa da Caldeira de Santo Cristo é o único local nos Açores onde as amêijoas existem e a sua espécie é altamente protegida. De facto, são muito poucas as licenças concedidas às pessoas para apanhar amêijoas na caldeira (foi-nos dito que apenas três barcos na ilha têm licenças) e há um longo período em que é proibido (o período de defeso) que vai de 15 de maio a 15 de agosto, pelo que só poderá prová-las se visitar a ilha entre 16 de agosto e 14 de maio.
Um dos lugares onde se podem provar as famosas amêijoas, se quiser e se for durante o período em que é possível fazê-lo, é na própria Fajã da Caldeira de Santo Cristo, no restaurante O Borges. Infelizmente, a nossa experiência foi desastrosa neste lugar (eles não nos serviram mesmo tendo mesas disponíveis, e a forma como nos falaram foi a antítese daquilo a que estamos habituados nos Jorgenses) e, para sermos honestos, já tínhamos lido críticas muito más antes de irmos, mas não se preocupe, este não é o único lugar para experimentar as famosas amêijoas – contamos-lhe mais sobre isso na secção Onde Comer. Mas se quiser tentar comer na própria fajã, O Borges é o único restaurante na fajã, por isso é melhor reservar com antecedência e, se não conseguir, levar algumas sanduíches na mochila, por via das dúvidas.
Foi o que fizemos. Comprámos uma cerveja gelada no restaurante e comemos com as nossas sandes, em frente à lagoa de Caldeira, onde nos banhámos depois. A propósito, esta lagoa criou um ecossistema único de alta biodiversidade, classificado como Reserva Natural e Sítio de Importância Internacional, que é também um local muito popular para os observadores de aves. Não deixe qualquer lixo e, se encontrar algum, leve-o consigo.
Depois de um refrescante mergulho na lagoa da caldeira rodeada de vegetação, continuamos o nosso caminho.
Mesmo à saída da Fajã da Caldeira de Santo Cristo, existe uma pequena caverna chamada Furna do Poio, conhecida pela praia arenosa no seu interior, por isso se ainda tiver vontade de descobrir algo mais, antes de continuar com o trilho, pode ser uma boa opção.
Saindo de Santo Cristo, antes de chegarmos à Fajã dos Cubres, passamos por outra fajã, a Fajã do Belo, onde também existe um alojamento, a Kuanza Nature Experience.
Se quiser provar as famosas amêijoas como recompensa por terminarem o percurso (se não for a época de defeso), pode fazê-lo no final, quando chegar a Fajã dos Cubres, no Ponto, uma espécie de camião de comida onde servem as famosas amêijoas (35 euros por quilo de amêijoas “à bulhão pato” ou molho de páprica doce). A outra opção está fora do trilho, na Fajã do Ouvidor, no restaurante O Amílcar, que também as serve.
Escala de Dificuldade Randomtripper: Média. O caminho até à Caldeira de Santo Cristo é na sua maioria fácil, mas existem alguns troços no caminho de descida que o tornam mais difícil. Da Caldeira de Santo Cristo à Fajã dos Cubres é fácil, com apenas algumas subidas mais íngremes. É um trilho linear de aproximadamente 9,5 km que normalmente demora cerca de 2 horas, completamo-lo em quase 4 horas, parando na caldeira para um mergulho e almoço.
A propósito, todos os paraísos têm um “mas” e, na nossa opinião, o “mas” da Fajã de Santo Cristo são os “quads”. Num dos lugares mais mágicos da ilha, com uma energia especial onde as pessoas vão para se desligarem, o facto de só se poder chegar lá a pé ou de moto quatro faz-nos pensar que os ruídos são poucos. Mas infelizmente, ao caminharmos pelo trilho, quando chegámos à Fajã da Caldeira de Santo Cristo, e na mesma fajã, vários quads barulhentos passavam constantemente para transportar turistas, malas ou mercadorias, o que inevitavelmente diminui a tranquilidade e a magia do trilho e do lugar. Compreendemos que os quads têm de existir, mas também acreditamos que o ideal seria limitar os quads ao estritamente necessário para as necessidades da população e das empresas locais, claro, e no caso da sua utilização turística, para todas as pessoas com diversidade funcional. A fauna e a flora da fajã ficariam gratos. E o mesmo acontecerá com aqueles que seguem o trilho em busca de paz e tranquilidade.
Reserve as suas noites de retiro na pérola da ilha aqui, na Caldeira GuestHouse e SurfCamp (a partir de 45 euros/noite) para uma ou duas pessoas ou, se forem mais, na Casa da Lagoa (a partir de 80 euros/noite), Casa da Fajã (a partir de 84 euros/noite) ou Casa da Caldeira (a partir de 180 euros/noite).
Fajã dos Vimes e as suas plantações de café
Sabia que São Jorge cultiva um dos únicos cafés da Europa? Sim!
Graças ao microclima da Fajã dos Vimes, uma das únicas plantações de café na Europa existe na costa sul da ilha. As áreas de cultivo deste café são muito limitadas porque só crescem nesta área da ilha (com uma temperatura média constante entre 12º e 25º e 80% de humidade), o que significa que é um café feito em pequena escala (entre 100 a 150 kgs por ano), para consumo pessoal e um produto gourmet se quiser experimentá-lo no local ou mesmo levá-lo para casa.
Para provar esta iguaria de café arábica com menos cafeína e um sabor delicioso (achámos mais doce do que o habitual) é preciso ir à bela Fajã dos Vimes, mais especificamente ao Café Nunes e, a propósito, acompanhar o café com uma saborosa queijada caseira (doce típico) de, claro, café ou inhame.
Todo o processo do café de São Jorge é inteiramente manual, desde a colheita (entre maio e agosto), à secagem ao sol (que é complicada pelo clima instável açoriano), a seleção dos grãos e até a casca de cada grama de café é removida à mão com uma pedra, não há maquinaria envolvida.
Se quiser experimentar no local, o café custa 1 euro e as queijadas caseiras (café e inhame) custam 0,80 euros cada. Se quiser levar este café gourmet para casa, o máximo que pode comprar no café, além de o provar, são sacos de 80g de café (em grão ou moído, o que preferir) a 8 euros por saco. O saquinho é suficiente para aproximadamente 8 cafés.
Tudo começou com as tapeçarias, que também se podem ver (e comprar) no piso por cima do café, na Casa de Artesanato Nunes, onde se encontram os teares. Aqueles que vieram para admirar e comprar as colchas pediram um café, e outro, e outro… e assim a família Nunes decidiu aumentar a produção e abrir o café no andar de baixo. Uma colcha de tamanho médio custa mais de 500 euros, mas tenha em mente que para a produção de cada uma destas colchas são necessárias duas mulheres no tear a trabalhar 12 horas durante 7 dias. Se não quiser ou não puder comprar uma colcha, mas quiser adornar melhor o seu pacote de café para oferecer como recordação da ilha (para além do queijo) pode comprar um saco de café tecido ali mesmo, nos teares, no andar de cima.
Por curiosidade, esta fajã é uma das mais povoadas da ilha, sendo a única em São Jorge com uma escola primária, instalada desde o final do século XIX.
Para além de provar um dos cafés mais exclusivos, uma visita à Fajã dos Vimes também lhe dará vistas de cortar a respiração ao longo da estrada sinuosa, tanto no caminho para a fajã como em alguns dos miradouros como este, este ou este.
Se quiser passar a noite na Fajã dos Vimes e acordar com um delicioso café, pode fazê-lo numa das quatro Casas dos Vimes (a partir de 110 euros), cada casa com o nome do seu antigo proprietário: Casa da Tia Arminda, Casa da Tia Lopes, Casa das Tias Bentas e Palheiro das Tias Bentas. Existem casas de campo para 2 e até 8 pessoas. Escolha aqui a sua casa.
Fajã de São João
Foi nesta fajã que o cultivo do café começou com um açoriano que emigrou para o Brasil no século XVIII e quando voltou, trouxe uma planta. Na altura, não suspeitaram que a planta prosperaria tão bem no microclima da vizinha Fajã dos Vimes e lá está até aos dias de hoje.
Mas esta fajã não é apenas importante por razões históricas, as vistas da Fajã de São João são de cortar a respiração. E o mesmo acontece com os pores-do-sol. Aqui tivemos a máxima expressão do que temos vindo a sentir em São Jorge em geral. Aquela atmosfera de aldeia, como se estivéssemos numa aldeia no interior do continente, na Beira ou no Alentejo, mas no meio do Atlântico, rodeados pelo mar.
Chamou-nos a atenção um restaurante, Taberna Agueda, fechado para remodelação e não sabemos quando reabrirá, mas quando o fizer, o seu terraço será provavelmente um dos melhores locais para ver o pôr-do-sol na ilha, com vista direta para o Pico.
Como em todas as estradas de acesso às fajãs, pode parar nos miradouros (este e este) para apreciar as vistas.
Topo e Ponta do Topo
Em Topo há um farol com vistas de um ilhéu muito biodiverso – Ilhéu do Topo – onde várias colónias de aves marinhas fazem ninho, vistas da ilha Terceira e de uma bela piscina natural, a Pontinha do Topo. Todas estas razões em conjunto fazem com que valha a pena chegar ao extremo oriental da ilha, mas não são as únicas.
A cidade de Topo é conhecida pelo seu porto que recorda o triste e duro passado da caça à baleia nos Açores que, nesta cidade, começou em 1933. Ao chegar ao porto há uma placa com uma lista de todos os nomes dos baleeiros que por aqui passaram. Esta prática teve mais expressão na ilha do Pico, embora fosse transversal às 9 ilhas, no nosso guia para a ilha do Pico falamos-lhe mais sobre ela.
Topo é também conhecido pelos seus edifícios históricos como o Solar dos Tiagos, agora em ruínas, em cuja capela está enterrado o flamengo Willem van der Haegen, a quem é atribuído o início da colonização de São Jorge.
Tanto o miradouro como a própria estrada panorâmica (EN2) a caminho de Topo têm vistas incríveis, por isso abrande e desfrute da viagem.
Uma curiosidade relacionada com esta ilhota (Ilhéu do Topo) é que no Verão se podem ver vacas a nadar por aqui. Aparentemente, dada a proximidade do ilhéu (100 metros da costa), as vacas nadam a reboque de um barco até chegarem ao ilhéu para aí pastarem. É por esta razão que a localidade de Topo é também conhecida pela qualidade do seu queijo (Queijo do Topo).
Se quiser ficar no extremo oriental da ilha, o Recanto das Vigias (a partir de 50 euros/noite) é um autêntico retiro (uma casa de um quarto) com um terraço espantoso com vista para o oceano e para o ilhéu de Topo.
Calheta (Fajã Grande)
Para além das piscinas naturais onde se pode dar um mergulho, Fajã Grande e Poças Vicente Dias, a Calheta chamou a nossa atenção por outra razão: a Calhetense, que se tornou o nosso lugar favorito na ilha para terminar o dia com uma cerveja e uma vista para o Pico.
A caminho da Calheta pode parar no Miradouro da Rua do Baixo, para obter uma bela vista da Calheta, do mar e da ilha vizinha do Pico (num dia claro).
Na Calheta está o Museu Francisco Lacerda, professor e compositor da cidade de Fragueiras, São Jorge. Um dos maiores compositores do século XIX e intimamente ligado à Geração dos anos 70 (a mesma geração que o escritor Eça de Queiroz).
E sendo a pesca do atum em São Jorge uma prática secular, outra visita que poderá interessar-lhe na Calheta é a Fábrica de Atum de Santa Catarina ( 3,90 euros por visita, por marcação no +351 295416220, apenas de manhã). A técnica de pesca do atum não só tem séculos de existência como também é artesanal: quando o atum é avistado, os pescadores desligam o barco, lançam a isca no anzol (peixes mais pequenos) e apanham-nos para dentro do barco. É desta fábrica que provêm as famosas (em Portugal) latas de atum “Santa Catarina”. É verdade que é vendido em todas as ilhas açorianas e mesmo no continente, mas aqui, para além de ir à origem, são mais baratos. Para além do atum simples, em óleo ou em água, no quiosque à entrada da fábrica pode comprar latas de atum com diferentes molhos: molho funcho (funcho), pimenta dos Açores (o típico molho de pimenta vermelha dos Açores), molho alecrim (alecrim), molho manjericão, molho de tomate e até molho de caril.
Perto da Calheta, em Ribeira Seca, encontrará Dulçores onde algumas senhoras fazem os famosos doces picantes, típicos de São Jorge – as espécies – durante todo o dia. Pegue numa pequena caixa destes doces típicos de São Jorge, cujo nome vem do facto de conterem muitas especiarias (como canela, noz-moscada ou funcho); uma caixa de 6 espécies custa 3,20 euros.
Se procura ficar perto do nosso local de pôr-do-sol preferido, a Calheta tem uma série de opções a bom preço. A Pousada da Juventude oferece tudo desde camas em quartos partilhados (a partir de 19 euros/noite) a quartos duplos (a partir de 38 euros/noite) e tanto Adega Jaquet como A Casa da Lara podem ficar por menos de 50 euros/noite.
Fajã das Almas
Também conhecida como Fajã do Calhau, a Fajã das Almas é uma das nossas piscinas naturais favoritas na ilha. Um kit de máscara e tubo de snorkel é obrigatório por aqui, pois há muita vida marinha para admirar enquanto se banha nas águas límpidas e refrescantes.
A Fajã das Almas tem bons acessos, estacionamento e chuveiros de água doce.
Perto de Fajã das Almas, a menos de 10 minutos de carro, fica a Igreja de Santa Bárbara. Se tiver tempo e estiver interessado na arquitetura barroca e na liturgia da tradição católica, venha conhecê-la. Spoiler: a modesta fachada emoldurada por pedra de basalto não revela a opulência escondida no interior…
Pico da Esperança
Para ir até ao ponto mais alto de São Jorge, Pico da Esperança (1053m) e desfrutar das vistas panorâmicas tem de ir num dia claro. No nosso caso, foram necessárias três tentativas, mas conseguimos.
Do topo da ilha é possível saudar não só a montanha do Pico (o ponto mais alto de Portugal, com 2351 metros) mas também a vizinha Faial e, com muita sorte (não conseguimos) dizem que mesmo as outras ilhas do grupo central (Terceira e Graciosa)…
Para lá chegar de carro, deve apanhar o desvio da EN-3 indicado no mapa, ao longo de um caminho de terra batida (pode conduzir lentamente num carro normal).
Apesar do nome “esperançoso” de Pico da Esperança, esta montanha foi o local de um trágico acidente onde um avião da Sata (a companhia aérea açoriana) caiu a 11 de Dezembro de 1999. Foi o único acidente trágico da Sata, em que o avião num voo de Ponta Delgada (São Miguel) para a ilha das Flores com escala no Faial atingiu esta montanha. Todas as 35 pessoas a bordo morreram e há aqui um memorial para prestar homenagem às vítimas. O memorial exibe uma placa com os nomes de todos aqueles que perderam a vida. Uma tragédia que nos dizem ser devida às condições meteorológicas (muito nevoeiro baixo e vento forte) associada a um provável excesso de confiança do piloto experiente. Falando com os habitantes locais que se lembram do dia do acidente no Inverno de 1999, disseram-nos que a parte da frente do avião permaneceu embutida na montanha durante um par de semanas. O nevoeiro era tão espesso naquele trágico dia de Dezembro que ninguém sabia o que estava a acontecer porque não se conseguia ver nada. As pessoas que estavam próximas começaram a ver papéis a voar (do interior do avião) e disseram que o som do avião parecia ensurdecedor, demasiado próximo e demasiado baixo. Uma história que nos fez arrepiar.
Ainda com o corpo estranho depois de prestar homenagem no memorial, continuamos a escalar, sempre com o magnetismo do Pico a acompanhar-nos. Estacionámos o carro aqui e fizemos o resto da subida a pé. Quando atingimos o ponto mais alto de São Jorge a 1053 metros, pudemos desfrutar das incríveis vistas, apesar de estar muito ventoso.
Se preferir chegar aqui, não de carro, mas a pé, existe um percurso de 17 km (o PR4SJO) que liga ao Pico do Pedro, percorre toda a serra até ao mar, chegando à Fajã do Ouvidor e passando pelo Pico da Esperança. É um dos trilhos mais selvagens da ilha onde a vegetação endémica abunda e onde se pode até encontrar a orquídea mais rara da Europa.
Urzelina
Além de ser uma das áreas da ilha onde encontrará o melhor alojamento e as melhores vistas (pôr-do-sol com a montanha do Pico ao fundo), Urzelina é também conhecida pelos seus tradicionais moinhos brancos e vermelhos e pelas suas piscinas naturais.
Os moinhos de Urzelina são muito curiosos e são um pouco diferentes da ideia que temos de um moinho na nossa imaginação: são muito mais estreitos, mais leves e mais manobráveis. Inventados por um Jorgense conhecido como Zé do Moio em meados do século XX, foram restaurados e até se pode visitar um deles por marcação (ligue +351 295414504). As piscinas naturais de Urzelina com o moinho ao fundo são particularmente fotogénicas.
Se quiser comprar uma lembrança, o local a visitar é a Cooperativa de Artesanato Senhora de Encarnação, onde observámos várias mulheres a trabalhar nos seus teares, e comprámos alguns presentes tecidos no local, uma carteira de oferta e algumas baleias para as nossas sobrinhas.
Como curiosidade, encontrará também em Urzelina o Kaasfabriek (pode encontrar a localização do “Atelier de Conservação e Restauro De Obras De Arte de São Jorge” aqui), uma galeria de arte, museu, estúdio de gravação e estúdio de pintura do famoso pintor-filósofo-compositor Pieter Adriaans. A galeria de arte pode ser visitada (embora estivesse fechada quando fomos) e está alojada numa antiga Fábrica de Queijos e Leite. Durante a última década, Pieter Adriaans tem aparentemente pintado alternadamente aqui e na Holanda, e as suas obras estão expostas em várias coleções privadas, na Junta de Freguesia de Ribeira Seca (perto da Calheta) e no café Flor do Jardim em Velas.
Urzelina é um dos lugares recomendados para ficar e fazer uma base para a exploração na ilha. Dos três locais mais interessantes para ficar é o Intact Farm Resort (a partir de 45 euros/noite), com bungalows concebidos a partir do solo com vistas incríveis sobre o Atlântico e a ilha do Pico (Reserve aqui o seu bungalow). Outra opção mais sibarítica é a Cabanas da Viscondessa (a partir de 120 euros/noite), seis cabanas de madeira (estúdios ou um quarto) com varandas e vistas sobre a natureza incrível de São Jorge. E finalmente, as Villas Castelettes (a partir de 120 euros/noite), seis casas minimalistas ideais para apreciar o pôr-do-sol, com o direito de utilizar a cozinha e o forno a lenha se quiser, e de desfrutar de pequenos-almoços caseiros, uma vez que fazem tudo desde pão a iogurte no local. Na nossa secção Onde Ficar em Urzelina recomendamos mais alguns.
Velas
Embora as vilas e cidades mais importantes das ilhas açorianas não sejam geralmente o mais interessante das ilhas (exceto a bela Angra do Heroísmo na Terceira), Velas, ou como é conhecida, a capital do queijo, é bastante bonita.
Na vila mais importante de São Jorge, destaca-se o Jardim da República, um belo jardim municipal com um quiosque vermelho fotogénico no centro. Também a torre da igreja, a única coisa que a erupção de 1808 que destruiu grande parte de Velas não derrubou. E, claro, o porto de Velas, a nossa porta de entrada para a ilha.
Chamou-nos a atenção edifício colorido e fotogénico do Auditório Municipal, através do qual passamos para tentar descobrir o Arco Natural de Velas, um arco vulcânico, uma obra de arte da natureza, entre as ondas do Atlântico.
Não encontrámos o arco vulcânico. O que encontrámos foi um império, o Império Bairro da Conceição. Um dos coloridos (e pequenos) templos populares para venerar o Espírito Santo. São muito característicos da ilha vizinha da Terceira onde existem mais de 70 impérios, por isso, se estiver curioso sobre estas casas de culto com fachadas de cores vivas (e todas diferentes!), dedicamos-lhes uma secção no guia da Terceira.
Nas proximidades encontram-se algumas das piscinas naturais mais procuradas em Velas: Poças dos Frades, assim chamadas porque estão situadas em frente de um antigo convento franciscano. Estão também em frente à montanha do Pico, a poucos quilómetros de distância, no Atlântico.
Embora gostássemos ainda mais das outras piscinas naturais perto de Velas, as Piscinas Naturais da Preguiça , aqui passámos umas boas horas a relaxar e a descobrir muita vida marinha nas suas águas claras (não nos cansamos de dizer que é essencial trazer um kit de máscara e tubo de snorkel para a viagem a São Jorge).
Ambas as piscinas, Poças dos Frades e Piscinas da Preguiça, têm chuveiros de água doce e guarda-sóis gratuitos.
Chegando a Velas, há dois miradouros onde vale a pena parar para apreciar as vistas: o Miradouro do Morro das Velas e o Miradouro do Canavial.
Velas é um ponto estratégico a partir do qual pode fazer a sua base e explorar a ilha, até porque oferece uma boa gama de alojamento. Desde opções mais económicas, como o Hospedaria Australia ( a partir de 45 euros/noite) até Bruma Home (a partir de 83 euros/noite) onde pode saudar a montanha do Pico e o Atlântico assim que abrir os olhos. Na nossa secção Onde ficar em Velas recomendamos mais alguns.
Queijo São Jorge: provar e comprar o famoso queijo da Ilha
Perto de Velas (a 5 minutos de carro), na cidade da Beira, dirija-se à União de Cooperativas Agricolas de Laticínios de São Jorge (Uniqueijo) para provar (e comprar) o famoso queijo da ilha DOP (Denominação de Origem Protegida), o que significa que só pode ser produzido em São Jorge. Os queijos variam em maturação de 3 meses a 24 meses (quanto mais longa a maturação, mais forte e picante se torna o queijo) e, para além de comprarem a melhor recordação da ilha, fazem provas gratuitas no local. Durante a pandemia, as visitas a fábricas, como a Confraria do Queijo (em Velas), localizada na fábrica de queijos mais antiga da ilha, foram suspensas. Existem atualmente seis cooperativas na ilha a partir das quais são produzidos anualmente 30.000 queijos DOP.
O processo de produção do queijo permaneceu inalterado durante 500 anos, obtido a partir de leite de vaca cru e classificado como queijo curado duro ou semi-duro, evoluindo mais tarde de acordo com o número de meses em que é curado. É vendido com um período mínimo de maturação de três meses porque, aparentemente, antes de dois meses não tem o sabor ligeiramente picante que o distingue. A propósito, a partir do momento em que o queijo não possa ser feito a partir de leite cru e a pasteurização do leite se torne obrigatória, o queijo da ilha deixará de ser produzido.
A história do queijo São Jorge é paralela à história da ilha, datando do século XV, quando aos portugueses, conhecidos como os primeiros colonos da ilha, se juntaram outras nacionalidades como os habitantes da Flandres e incentivaram a produção de queijo devido ao facto de o clima da ilha ser muito semelhante ao da sua pátria.
Fajã do Além
É uma das fajãs apenas acessível a pé, ideal para quem procura silêncio e paz. Há duas maneiras de chegar a Fajã do Além, o atalho do lado norte ou o atalho de Santo António, mas não deixe que a palavra “atalho” o confunda, pois demorará pelo menos 3 horas a chegar a Fajã do Além. Encontrará um trilho muito menos povoado do que a Caldeira de Santo Cristo, por exemplo, e uma bela fajã de apenas 20 casas.
Aqui tem a informação oficial do trilho (o PRC5SJO), percurso circular de acesso por uma zona e saída pela outra.
Fajã de João Dias
A Fajã de João Dias é uma fajã pouco acessível, com cerca de 50 casas (20 em ruínas, antigas, e 30 mais modernas). Uma das características desta fajã é que até há bem pouco tempo tinha falta de água potável (uma vez que não tem riachos e a única fonte que existia secou), o que levou a que construíssem cisternas em todas as casas para recolher a água da chuva.
Atualmente já não vive ninguém permanentemente no local dado que o único senhor que vivia na fajã faleceu recentemente. A fajã tem mais visitantes durante as férias de Verão (onde os proprietários das outras casas passam parte das suas férias).
O acesso, através de uma estrada estreita e íngreme, só pode ser feito a pé, embora recentemente tenha sido disponibilizada uma estrada para permitir o acesso também de automóvel. Aqui pode ver um impressionante vídeo de drone da nova estrada.
Se tiver tempo, é aconselhável aceder à fajã a pé (cerca de 60 min de descida e 40 min de subida): para ver de perto como era a vida numa das fajãs mais inacessíveis, para apreciar a flora e fauna variada da Macaronésia que encontrará no trilho, e para dar um merecido mergulho na zona balnear que encontrará na fajã João Dias.
Informação sobre o trilho: pode conduzir o mais perto possível deste ponto, e uma vez lá, iniciar a descida (muito íngreme, mas com vistas espectaculares, claro). Aqui está a rota no Wikiloc
Miradouro do Pico da Velha
Na sua visita ao oeste da ilha, a caminho do Parque Florestal Sete Fontes e da Ponta dos Rosais (descrito abaixo), se tiver sorte e o céu estiver limpo, não perca o Miradouro do Pico da Velha.
Deste miradouro, terá vistas panorâmicas incríveis de toda a parte ocidental da ilha do dragão, bem como das ilhas vizinhas do Pico e do Faial.
É também um excelente local para observar o pôr-do-sol. Embora, como dizemos sempre, é preciso ter sorte com o tempo (o que não foi o nosso caso).
Parque Florestal Sete Fontes
O Parque Florestal Sete Fontes é um dos maiores e mais importantes parques da ilha, com cerca de 12 hectares, onde se podem observar várias espécies endémicas dos Açores. Para além do facto de que o passeio para chegar ao parque vale a pena, vários quilómetros onde as árvores formam verdadeiros túneis, todos alinhados em ambos os lados da estrada, ao chegar ao parque encontrará várias áreas de lazer, tais como um parque infantil e uma área de piquenique, muito agradável com a banda sonora do riacho que atravessa o parque e alguns dos patos que aí vivem.
Uma vez aqui, dirija-se a Miradouro Ferrã Afonso (pode estacionar aqui) para ver as falésias íngremes da parte norte de São Jorge. Estava nublado quando fomos e achámos impressionante, imaginamos que será ainda melhor num dia claro.
Ponta dos Rosais
O ponto mais ocidental da ilha, Ponta dos Rosais, está localizado a 5 km do parque florestal de Sete Fontes. Tal como o ponto mais oriental (Topo) também esconde um farol e do farol uma vista de cortar a respiração (que também vimos desde o barco até à Graciosa). São de facto, algumas das vistas mais impressionantes da ilha onde a imensidão do Atlântico nos engole e nos faz lembrar a pequenez humana. Se tiver sorte, poderá ver as ilhas vizinhas do triângulo (Pico e Faial). É também um dos melhores lugares para ver o pôr-do-sol em São Jorge.
Para além do farol e das suas vistas, perto da Ponta dos Rosais encontrará também um antigo posto de observação de baleias, recentemente restaurado e transformado num miradouro a partir do qual se podem saudar as ilhas vizinhas do triângulo dos Açores, Faial e Pico.
Curiosidades de São Jorge
- A média de duas vacas por habitante no arquipélago açoriano sobe para três vacas por habitante em São Jorge. Por isso, é muito provável que enquanto conduz pela ilha, experimente alguma hora de ponta em São Jorge. Não de carros mas… de vacas!
- A casa de férias fica a 5 minutos de carro. Hoje em dia, com mais infra-estruturas e veículos para circular, achamos curioso que muitas pessoas na ilha vivam no alto das falésias mas tenham a sua casa de férias na fajã. Por exemplo, os nossos anfitriões têm uma casa na Fajã do Ouvidor para fins-de-semana e feriados, mas a sua casa habitual fica a 3 km mais acima das falésias. O que hoje é feito em 10 minutos de carro, há algumas décadas atrás demorava muito mais tempo, uma vez que as fajãs estavam mais isoladas e sem comunicação devido à falta de infra-estruturas . Dizem-nos que preferem ter a sua casa principal mais perto da estrada (e a menos minutos do trabalho na vila mais importante, Velas) do que em baixo, na fajã.
- Atualmente, a ilha tem escolas que oferecem o ensino secundário mas até há relativamente pouco tempo, São Jorge tinha apenas o ensino básico. Isto significava que se quisesse ir para o liceu, teria de ir para outra ilha para completar os seus estudos e sair de casa com essa idade regressando apenas durante o Natal, a Páscoa e as férias de Verão.
- Atualmente, as mulheres grávidas têm de deixar a sua ilha, São Jorge, um mês antes da data prevista para o parto, para se deslocarem a uma das ilhas principais com hospital (Faial, Terceira ou São Miguel) à sua escolha. Logicamente, os custos são cobertos pelo governo autónomo açoriano.
- Em contraste com as ilhas vizinhas do triângulo, Pico e Faial, onde existe uma oferta gastronómica cada vez maior, em São Jorge notámos que havia muito menos escolha. Segundo os habitantes locais, isto pode ter a ver não só com o poder de compra, mas também com o facto de haver menos hábito de jantar fora nesta ilha.
Os melhores trilhos para caminhadas na ilha de São Jorge
Recomendamos que consulte o site oficial dos trilhos dos Açores, onde poderá encontrar todos os trilhos oficiais e informações práticas (geralmente atualizadas) sobre eles. Aqui podem-se ver todos os trilhos oficiais de São Jorge.
Aqui destacamos alguns dos mais belos:
- Trilho para Caldeira de Santo Cristo (PR01SJO): linear, 9,5 km, 3 horas. É necessário alugar um táxi para a viagem de regresso (25 euros). Se o fizer no regresso, é por vezes possível partilhar com mais pessoas, embora seja melhor reservar o táxi com antecedência para evitar problemas (recomendamos John Moniz: +351919577223). Mais informações / brochura oficial
- Grande rota de São Jorge 1 (GR01SJO): um enorme trilho linear de 26km que começa em Topo, passa pela Fajã dos Vimes, depois pela Caldeira de Santo Cristo e segue para a Fajã dos Cubres. É uma boa maneira de conhecer a pé alguns dos pontos mais importantes da ilha. Mais informações / brochura oficial
- Pico da Esperança (PR4SJO): trilho linear de cerca de 17 km (4h) que percorre vários dos picos da cordilheira central e termina na Fajã do Ouvidor. Vai precisar de um táxi (recomendamos John Moniz: +351919577223). Mais informações / brochura oficial
- Trilho para Fajã de Além (PRC5SJO): percurso circular de 4,7km (3h), para conhecer uma fajã que não pode ser alcançada por veículos. Mais informações / brochura oficial
- Trilho para Fajã de João Dias (não é um trilho oficial): rota de regresso pelo mesmo acesso (1h30-2h), para conhecer outra fajã bastante inacessível. Rota em wikiloc
Se lhe apetecer fazer um percurso em grupo, pode fazer um percurso através de várias fajãs num grupo com piquenique incluído e um mergulho no final. Clique aqui para mais informações.
Onde mergulhar em São Jorge
Embora não tivesse tido tempo para mergulhar nas águas de São Jorge, pedi recomendações de centros de mergulho para o fazer. John Moniz, que conhecemos quando fizemos o trilho da Fajã de Santo Cristo, mergulha na ilha e recomendou o Centro de Mergulho de São Jorge.
Em termos de locais de mergulho, os mais conhecidos são:
- Baixa dos Rosais: a principal atração é a observação de pelágicos. Embora não seja um mergulho profundo (cerca de 15 metros), só é recomendado para mergulhadores com alguma experiência, pois é um local propenso a fortes correntes e longe do porto (apenas a 3 milhas da costa, mas a cerca de 10 milhas do Porto das Velas).
- Ilhéu de Topo: juntamente com a baixa dos Rosais, este é outro dos melhores locais para a localização de pelágicos. Também só é recomendado para mergulhadores com alguma experiência, uma vez que é propenso a correntes fortes.
- Ilhéu Urzelina: mergulho fácil, ideal para primeiros mergulhos, mergulhos noturnos e snorkelling. Embora a vida marinha à volta da ilhota não seja muito abundante, numa das suas paredes (a sul) existe uma caverna não muito larga onde podemos encontrar garoupas, moreias e peixes rainha. Algumas dezenas de metros a oeste do ilhéu são dois pequenos arcos de pedra com cerca de 10 metros de largura, onde também há mais vida marinha em cardume.
- Baixa de Entre-Morros: também um mergulho fácil, na imponente ilhota localizada junto à parede do Morro, descendo a uma profundidade de 10 metros, é um excelente local para experimentar mergulhos, noturnos e snorkelling.
- Baixio da Ponta da Queimada: é um sitio de mergulho versátil que pode ser adaptado a mergulhadores com pouca ou mais experiência. As profundidades variam entre 10 e 70 metros, tornando-o também um local ideal para explorações técnicas de mergulho profundo, à medida que a queda cai abruptamente para 60 – 70 metros. No topo existe um cenário brutal formado por corredores de fluxos de lava e pequenas cavernas cheias de vida, com várias espécies de moreias, e pequenos peixes de fundo. Na extremidade, há a possibilidade de observar vários cardumes de peixes a passar.
Idealmente, deverá contactar o centro, partilhar com eles a sua experiência de mergulho e eles dir-lhe-ão quais os locais mais adequados para si e quais as viagens de mergulho programadas para os dias em que vai ficar.
Se não mergulha mas adora o mar, não se esqueça de trazer kit de máscara e tubo de snorkel, pois as piscinas naturais de São Jorge são muito biodiversas e é fácil ver muita vida marinha. O nosso lugar preferido foi na Fajã das Almas, mas de certeza que valerá a pena cada mergulho que aqui fizer. Não é fácil de alugar ou comprar na ilha um kit de snorkel e há muita vida nas piscinas naturais para explorar. Aqui está um kit por menos de 20€ .
Se não tiver uma máscara e snorkel e sabendo que é difícil alugar, pode considerar fazer este passeio de snorkel por São Jorge. Pode escolher um passeio de dia inteiro (que inclui snorkelling na Poça Simão Dias, o naufrágio da Urzelina e a Fajã de Santo Amaro) ou um passeio de meio dia de snorkelling num dos paraísos marinhos mais espetaculares da ilha durante 4 horas. Os passeios incluem equipamento de snorkelling, transporte e guia.
Passeios de barco à volta da ilha de São Jorge
Há também a possibilidade de fazer passeios de barco em torno da ilha de São Jorge. Não fizemos por falta de tempo, mas deve ser incrível contemplar a orografia única de São Jorge a partir do mar. Se o quiser fazer, contacte o Centro de Mergulho São Jorge (a partir de Velas) ou MarAzores (a partir de Calheta).
Além dos passeios à volta da ilha, oferecem todo o tipo de viagens:
- Da Ponta do Topo ao Ilhéu do Topo
- Da Ponta da Ilha ao Rosais
- Da Calheta à Cascata de São Tomé
- Da Calheta ou das Velas à bela Caldeira de Santo Cristo ou à Fajã dos Vimes.
- De Velas a Fajã João Dias, Fajã do Ouvidor ou Ponta Furada
- Da Fajã do Ouvidor à Caldeira de Santo Cristo
Onde ficar na ilha de São Jorge: melhores zonas
Quando lá estivemos em junho, ficamos com a sensação de que o sul da ilha teve sempre um clima melhor do que o norte, por isso, se quisermos obter alojamento onde há mais hipóteses de dias de sol, um bom local para explorar a ilha e com vistas para a Serra do Pico ao pôr-do-sol, aconselhamos escolher Urzelina (conhecida pelos seus moinhos e piscinas naturais), Velas ou mesmo Calheta (onde se podem encontrar opções mais baratas).
Se, além disso, quiser viver a experiência de dormir numa Fajã durante alguns dias ou durante toda a estadia, é evidente que a Fajã da Caldeira de Santo Cristo é a melhor para alguns dias de retiro e desconexão, mas se quiser uma Fajã mais acessível para entrar e sair do carro todos os dias para se deslocar pela ilha, então a Fajã do Ouvidor é a melhor para si. Tem também a opção de ficar na Fajã dos Vimes, a única onde tem a certeza de tomar um dos melhores cafés da Europa para o pequeno-almoço.
Para todos os lugares que acabámos de mencionar, aqui estão as nossas acomodações preferidas.
Onde ficar na Urzelina e acordar com vista para o mar e para a ilha do Pico
Uma das melhores áreas para ficar, não só devido ao alojamento oferecido, mas também devido às vistas do Atlântico, da ilha do Pico e dos melhores pores-do-sol:
- Intact Farm Resort (a partir de 45 euros/noite): 10 bungalows com terraço feito de materiais naturais e locais, espalhados de uma forma que garante privacidade aos seus hóspedes e vistas incríveis sobre o Atlântico e a ilha do Pico.
- Casa d’Avó (a partir de 78 euros/noite): quartos duplos com casa de banho privada num ambiente idílico. Para além da simpatia dos anfitriões, os pequenos-almoços aqui são também muito elogiados.
- Fazer acontecer Farm (a partir de 80 euros/noite): para aqueles que querem desligar-se e estar no meio do “nada” que “é muito”. Bungalows, sala de cozinha colectiva com terraço, quinta e jardins, um espaço concebido para ser integrado na natureza da ilha, tanto no exterior como na sua filosofia.
- Quinta da Magnólia (a partir de 80 euros/noite): quartos com vista para o mar numa Quinta renovada com piscina
- Retiro Atlântico (a partir de 90 euros/noite): se quiser experimentar a experiência de dormir num yurt em São Jorge
- Lucy’s Rosegarden (119 euros/noite): uma casa de dois quartos com vistas deslumbrantes para o mar e para a montanha do Pico. Ideal.
- Cabanas da Viscondessa (a partir de 120 euros/noite), seis cabanas de madeira (estúdios ou um quarto) com varanda e vistas sobre a natureza espantosa de São Jorge.
- Castelettes Villas (a partir de 120 euros/noite) seis casas (três estúdios, duas casas de 1 quarto e uma casa de 2 quartos) minimalistas com vistas ideais para o pôr-do-sol e vários trilhos diferentes para fazer. Os hóspedes podem também utilizar o forno a lenha se assim o desejarem. Os pequenos-almoços caseiros são também muito elogiados, com tudo desde o pão ao iogurte feitos no local…
Mais opções em Urzelina aqui
Onde ficar em Velas
- Hospedaria Australia (a partir de 45 euros/noite): uma das melhores opções de relação qualidade/preço na ilha; quartos simples e confortáveis com casas de banho privadas num pequeno hotel no centro de Velas.
- Cantinho do Piano (a partir de 55 euros/noite): quartos com casa de banho privada no centro de Velas
- Cantinho da Avenida (a partir de 55 euros): um apartamento de 1 quarto com piscina, a dois minutos das piscinas naturais de Velas.
- Bruma Home (a partir de 83 euros/noite): cumprimentem a montanha do Pico e o Atlântico assim que abrirem os olhos. Este apartamento está localizado a uma curta distância a pé das piscinas naturais de Velas e tem 3 quartos e 3 casas de banho.
- Planeta Azul (de 96 euros/noite): muito perto do centro de Velas e das piscinas naturais, todos os alojamentos de 1 quarto têm um grande terraço e vista para o mar.
Um pouco mais longe do centro mas muito perto de Velas (cerca de 8 minutos de carro) está o Cantinho das Buganvilias (a partir de 65 euros/noite), recomendado não só para o seu alojamento (vários tipos de apartamentos de 1 ou 2 quartos e piscina) mas também para o seu restaurante.
Mais opções em Velas aqui.
Onde ficar na Calheta
- Pousada da Juventude dos Açores (de 19 euros/noite para uma cama num quarto partilhado a 38 euros/noite para um quarto duplo): uma pousada com beliches nos dormitórios para quartos duplos, com vistas agradáveis e sala e cozinha partilhadas.
- Adega Jaquet (a partir de 49 euros/noite): uma casa de campo de um quarto perto das piscinas naturais da Calheta
- A Casa da Lara (50 euros/noite): quartos duplos numa casa com sala de estar, cozinha e jardim.
Mais opções na Calheta aqui
Onde ficar numa Fajã
Fajã do Ouvidor, a mais acessível das fajãs onde ficar
- O apartamento Pérola de Lava foi onde ficámos e adorámos. Tem um quarto, sala/cozinha, casa de banho e terraço com vista para a Fajã. Além disso, a Sónia (a anfitriã) e a sua mãe Isabel são quem fazem tudo ainda mais especial. A casa tem o básico de que necessita, literalmente, até mesmo o que normalmente as outras casas que alugamos não têm: azeite e sal para cozinhar, detergente de roupa para a máquina de lavar roupa, molas, …. As vistas são incríveis, sobre uma das mais belas Fajãs da ilha, a 3 minutos da entrada da Poça Simão Dias e muito perto do Amílcar, onde se podem experimentar as famosas amêijoas de São Jorge.
- Casas da Eira Velha (a partir de 80 euros/noite): Outra opção maravilhosa se quiser ficar na Fajã do Ouvidor, também com vista para o mar.
Fajã da Caldeira de Santo Cristo, a mais bonita das fajãs onde ficar
Se quiser ficar na pérola da ilha onde se pode desligar ou passar alguns dias em contacto com a natureza, estas são as opções onde se pode ficar:
- Caldeira GuestHouse & SurfCamp (a partir de 45 euros): de suites com vista para o mar a camas em quartos partilhados. Também pode alugar pranchas de surf, paddleboards, canoas, kits de snorkel, bicicletas, motocicletas e quads.
- Casa da Lagoa (a partir de 80 euros): dois quartos numa casa de pedra onde os hóspedes podem alugar tanto pranchas de surf como barcos (de borracha) para explorar a lagoa da Caldeira.
- Casa da Fajã (a partir de 84 euros): Uma bela casa de dois quartos a poucos metros da lagoa com vistas paradisíacas. Têm também canoas disponíveis para os que aqui permanecem.
- Casa da Caldeira (a partir de 180 euros): cabanas para 2, 4 e até 7 pessoas, algumas com vista para a lagoa da caldeira e para o mar.
Fajã dos Vimes, ideal para amantes de café
- Casas dos Vimes (a partir de 110 euros), casas de pedra com terraços que podem acomodar de 2 a 8 pessoas. Cada casa de campo tem o nome do seu antigo proprietário: Casa da Tia Arminda, Casa da Tia Lopes, Casa das Tias Bentas e Palheiro das Tias Bentas. Existem casas de campo para 2 e até 8 pessoas. Escolha aqui a sua casa. Terá a vantagem de tomar o pequeno-almoço com o melhor café e um mergulho na praia da fajã dos Vimes.
Restaurantes que recomendamos na ilha de São Jorge
A verdade é que São Jorge não é uma ilha fácil a nível gastronómico. A oferta e os horários são limitados. Enquanto à hora do almoço encontrará algumas opções, à hora do jantar a missão de encontrar um espaço aberto torna-se complicada. Disseram-nos que tem a ver com o facto do pessoal de São Jorge não estar muito habituado a jantar fora. Ainda assim, aqui estão os lugares que experimentámos e recomendamos:
- Café Calhetense (Calheta): O nosso sítio de eleição para ver o pôr-do-sol com vista para o Pico. No se vê exatamente o sol entrar no mar mas tem boa vibra, cerveja, petiscos e bom ambiente pela noite dentro.
- O 30 (Velas): tapas variadas, típicas e originais, mas acima de tudo deliciosas. Os hambúrgueres são feitos com Bolo lêvedo da ilha de Flores (incrível) e há opções veganas e vegetarianas.
- Flor do Jardim (Velas): para além da comida (especialmente os doces), este café vale uma visita porque tem em exposição algumas das obras do pintor-filósofo-compositor Pieter Adriaans.
- Restaurante São Jorge (Velas): gastronomia típica com um serviço impecável
- Restaurante Açor (Velas): muito próximo do anterior, não conseguimos ir mas dizem coisas maravilhosas sobre a comida e coisas menos maravilhosas sobre o serviço (longo tempo de espera).
- O Amilcar (Fajã do Ouvidor): um dos poucos lugares na ilha fora da Caldeira de Santo Cristo que tem amêijoas da Caldeira para experimentar. Infelizmente estava fechado para renovação quando fomos, mas teremos de voltar, uma vez que toda a gente delirava com este lugar.
- O Borges (Caldeira de Santo Cristo): o único lugar para beber uma cerveja e provar amêijoas de São Jorge na própria Caldeira de Santo Cristo. Encontra-se num enclave privilegiado e diz-se que as amêijoas são requintadamente cozinhadas, mas não conseguimos experimentá-las. Embora tentássemos reservar com antecedência antes de fazer o percurso, não havia maneira de eles responderem e, uma vez lá, chegando cedo e com as mesas vazias, disseram-nos de uma forma muito rude que não nos podiam servir nem podíamos comer lá, independentemente do tempo (tentámos reservar para mais tarde) e que tinham muito trabalho (estavam apenas duas mesas ocupadas). Assim, bebemos duas cervejas para descansar e saímos com mau gosto na boca. Não da comida, claro, que não provámos.
- O Spot (Fajã dos Cubres): aberto a partir das 17h, têm também as famosas amêijoas da Caldeira de Santo Cristo e lapas, localizadas mesmo atrás da igreja.
- Café Nunes (Fajã dos Vimes), para experimentar o café São Jorge (e comprar por 8 euros um pequeno saco), experimentar as queijadas de inhame (mandioca) e as queijadas de café, claro. Café a 1 euro, queijada a 0,80 euro.
- Snack Bar Creperie do Portinho (Piscinas Naturais da Fajã Grande, perto da Calheta): local maravilhoso para apreciar o pôr-do-sol. Quando lá fomos estava fechado, mas ficámos com o desejo de beber uma cerveja por lá.
- Sabores Sopranos (Biscoitos): Foi-nos recomendado este restaurante, mas quando vimos que o menu consistia principalmente em pratos de carne, não fomos.
- Fornos de Lava (Santo Amaro): aqui desfrutámos de uma maravilhosa cataplana de peixe, marisco e lapas, mas para os mais carnívoros vai querer experimentar o seu famoso “bife com crosta de queijo da ilha” (um filete de carne de vaca com queijo da ilha gratinado).
- Cooperativa Agrícola (Beira): este é o local para comprar e provar o famoso“queijo da ilha” (queijo da ilha de São Jorge). Está disponível em vários tipos de maturidade: de 3 a 24 meses.
- Queijaria Canada (Santo Amaro): a única fábrica de queijo que continua a produzir queijo artesanal em pequenas quantidades. Até 2001 venderam o leite das suas 40 vacas à cooperativa, mas desde esse ano iniciaram a sua própria produção artesanal.
- Mercado Municipal (Velas): para comprar e provar os famosos doces picantes de São Jorge, os“doces de espécies“.
- Dulçores (Ribeira Seca): Outro local para comprar as famosas espécies. Cada caixa de 6 espécies custa 3,20 euros.
- Fábrica de Atum de Santa Catarina: para comprar atum em conserva “Santa Catarina”. É vendido em todas as ilhas açorianas e mesmo no continente, mas aqui, vai à origem e são mais baratos. Para além do atum simples, em óleo ou água, está disponível em diferentes molhos: molho funcho (funcho), molho pimenta da terra (o típico molho de pimenta vermelha dos Açores), molho alecrim (alecrim) e até molho de caril.
- Cantinho das Buganvilias (Velas), não chegámos a ir, mas foi-nos recomendado o restaurante deste hotel com gastronomia regional e vistas para o Pico.
- Taberna Águeda (Fajã de São João): estava fechada para renovações quando fomos e não sabemos quando vai abrir, mas quando abrir, o seu terraço será provavelmente um dos melhores locais para ver o pôr-do-sol na ilha.
- Maré Viva (Fajã das Almas): estava fechada quando fomos, mas não sabemos se foi por causa da pandemia ou por causa de obras de remodelação. Chamou-nos a atenção porque parecia bom para comer com vista para o mar antes ou depois de um mergulho numa das piscinas naturais de que mais gostávamos na ilha.
Roteiros de viagem na ilha de São Jorge para 3, 5 e 7 dias (uma semana)
Como terá visto se tiver lido todo o nosso guia, São Jorge tem muitos lugares incríveis para visitar, por isso para ver tudo, precisa de pelo menos 4-5 dias.
Como nem sempre temos tanto tempo para desfrutar da ilha, aqui estão algumas sugestões de roteiros para 3, 5 e 7 dias.
O que visitar e fazer na ilha de São Jorge em 2-3 dias (um fim-de-semana)
Um fim-de-semana é muito pouco tempo para São Jorge, por isso, se este é o seu caso, terá de escolher quais os planos que quer priorizar e quais quer deixar de fora. Com base na nossa visita e experiência na ilha, aqui está o nosso roteiro sugerido.
Roteiro de 3 dias em São Jorge
- Dia 1: Chegada e check-in no alojamento. Visitamos a Fajã do Ouvidor (parando no seu miradouro) e Poça Simão Dias (se for hora de almoço, podemos almoçar no Amílcar). Continuamos para Fajã dos Vimes para provar o café local, depois para Fajã Grande onde damos um mergulho e terminamos o dia na Calheta.
- Dia 2: Trilho para a Fajã da Caldeira de Santo Cristo pela manhã (almoço na Fajã dos Cubres). À tarde, aproximamo-nos do lado leste da ilha (Topo).
- Dia 3: Visitamos a parte ocidental da ilha (Ponta dos Rosais, Parque Florestal Sete Fontes, etc.) e, se o tempo o permitir, Urzelina e Velas.
O que visitar e fazer em São Jorge em 4-5 dias
Com 4-5 dias, recomendamos
- Dia 1: Chegada e check-in no alojamento. Visitamos a Fajã do Ouvidor (parando no seu miradouro) e Poça Simão Dias (se for hora de almoço, podemos almoçar no Amílcar). Continuamos para Fajã da Ribeira da Areia com o seu arco vulcânico, depois para Fajã Grande onde damos um mergulho e terminamos o dia na Calheta.
- Dia 2: Trilho para a Fajã da Caldeira de Santo Cristo pela manhã (almoço na Fajã dos Cubres). À tarde, aproximamo-nos do lado leste da ilha (Topo).
- Dia 3: Caminhada matinal até Fajã de Além. À tarde, visitamos a parte ocidental da ilha (Ponta dos Rosais, Parque Florestal Sete Fontes, etc.) e aproveitamos para observar o pôr-do-sol a partir daí.
- Dia 4: Pela manhã vamos à Urzelina e Fajã das Almas (com um mergulho). À tarde, escalamos o Pico da Esperança e visitamos a Fajã dos Vimes para saborear o seu café.
- Dia 5: Visitamos a União de Cooperativas Agrícolas de Laticínios de São Jorge (onde podemos comprar queijo para levar) e Velas, onde, se houver tempo, podemos dar um mergulho.
O que visitar e fazer em São Jorge numa semana (7 dias)
Com uma semana pode levar as coisas um pouco mais devagar (ou fazê-lo a um bom ritmo para visitar muito mais lugares).
Exemplo de um roteiro de 7 dias:
- Dia 1: Chegada e check-in no alojamento. Visitamos a parte ocidental da ilha (Ponta dos Rosais, Parque Florestal Sete Fontes, etc.) e aproveitamos para observar o pôr-do-sol a partir daí.
- Dia 2: Trilho para a Fajã da Caldeira de Santo Cristo pela manhã, onde dormimos e desfrutamos do lugar.
- Dia 3: Terminamos o trilho na Fajã dos Cubres (podemos almoçar lá). À tarde aproximamo-nos da parte oriental da ilha (Topo).
- Dia 4: Caminhada matinal até ao Pico da Esperança (PR4SJO) (deixar o carro na Fajã do Ouvidor e pagar a tarifa de táxi no início da caminhada). No final do percurso chegamos à Fajã do Ouvidor, por isso aproveitamos para visitar e dar um merecido mergulho em Poça Simão Dias. Se nos apetecer, iremos à Fajã da Ribeira da Areia e ao seu arco vulcânico.
- Dia 5: Caminhada matinal até Fajã de Além. À tarde, Urzelina e Velas (com um mergulho numa das suas piscinas).
- Dia 6: Pela manhã, Fajã de São João e Fajã dos Vimes, onde provamos o café. À tarde, vamos à Fajã das Almas para um mergulho e terminamos o dia na Calheta.
- Dia 7: Aproveitamos a oportunidade para visitar algo que nos falta ou para relaxar numa das piscinas naturais da ilha, bem como para comprar queijo para levar, perto de Velas.
Transporte: alugar um carro na ilha de São Jorge
Como em todas as ilhas dos Açores, em São Jorge consideramos essencial alugar um carro para desfrutar ao máximo da ilha, aproveitar ao máximo o tempo e visitar alguns lugares emblemáticos (que não podem ser alcançados por transportes públicos).
No nosso caso alugámos o carro com o Autatlantis, o que lhe permite levantar e deixar o carro em vários locais (no nosso caso, como chegámos de barco desde o Pico, e depois saímos de barco também para a Graciosa, apanhámo-lo e deixámo-lo no porto de Velas). Encontre o melhor preço do seu carro de aluguer em São Jorge na DiscoverCars.
Foi tudo perfeito, o nosso carro era um Citroen C3 em muito bom estado. Uma coisa importante a ter em conta é que, como terá visto neste guia, em São Jorge terá de subir e descer várias fajãs; o acesso a elas é normalmente por estradas sinuosas com alguma inclinação, pelo que é importante ter um carro com alguma potência (pode ser uma boa ideia não alugar o carro mais barato). Conhecemos um grupo de 4 pessoas que tiveram de tirar 2 pessoas do carro nas subidas mais íngremes. No nosso caso, não tivemos qualquer problema.
Os preços de aluguer de automóveis em São Jorge raramente vão abaixo dos 25 euros/dia e, especialmente no Verão, recomendamos que faça a reserva com bastante antecedência para evitar ficar sem veículo ou os poucos que estão disponíveis serem proibitivamente caros. No verão podem chegar a atingir 100 euros por dia e conhecemos várias pessoas que não puderam alugar carro porque o deixaram para fazer até ao último minuto: de facto, quando chegámos à ilha, de barco, um casal que chegou sem reserva não conseguiu encontrar um carro com nenhuma das empresas de aluguer de automóveis no porto.
Por outro lado, alguns dos mais belos trilhos em São Jorge são lineares, o que significa que precisará de ajuda para chegar do princípio ao fim (ou o contrário). A menos que tenha a sorte de encontrar outro carro para fazer o percurso ao mesmo tempo, a maneira mais fácil é alugar um táxi (no nosso caso preferimos sempre deixar o carro no fim do percurso e alugar o táxi para nos levar de volta à partida, para que quando terminássemos não dependêssemos de mais ninguém). Deixamos-lhe os dados de contacto do taxista que contratámos na nossa viagem a São Jorge: John Moniz Taxi – +351 919577223
As tarifas de táxi podem parecer caras, mas assim que conhecer o terreno da ilha compreenderá porquê. Embora os táxis não tenham taxímetros, têm uma tabela de preços nas janelas ou no interior do táxi, se pedir por um.
Se não puder alugar um carro, não conduzir ou tiver medo de conduzir nas estradas sinuosas de acesso às fajãs de São Jorge, tem a opção de utilizar transportes públicos, embora as rotas e os horários sejam bastante limitados pelo que recomendamos vivamente o aluguer de um carro. Pode consultar aqui os roteiros e horários dos autocarros. Outra opção (mais cara) é conhecer a ilha em excursões. Aqui estão algumas opções:
- Excursão de um dia a São Jorge
- Tour privado por São Jorge – pode adaptar o roteiro ao seu gosto
- Passeio de snorkelling em São Jorge – para visitar algumas das espantosas piscinas naturais sem carro
- Também pode contactar um taxista para um roteiro à medida (por exemplo, John Moniz – +351 919577223).
Quanto custa uma viagem à ilha de São Jorge?
Como sempre, dar um orçamento genérico é muito difícil, uma vez que depende muito do seu estilo de viagem. O que podemos fazer é dar-lhe um guia de preços e pode utilizá-lo para elaborar o seu orçamento:
- Voos: Os voos podem ser encontrados a partir de 50 euros de regresso de Lisboa/Porto para uma das ilhas açorianas com ligação a São Jorge, mas depende da antecedência com que se faz a reserva. A isto terá de acrescentar o voo ou barco para São Jorge (a partir de 21 euros por pessoa, de barco, ida e volta, a partir de 100 euros por pessoa, voo de ida e volta). Se viajar de Espanha ou de fora de Portugal, os voos para o arquipélago são mais limitados e mais caros.
- Aluguer de automóveis: a partir de 25 euros por dia para o carro mais barato (dependendo da empresa, reserva antecipada e número de dias), tudo incluído.
- Alojamento: a partir de 45 euros por noite para um quarto com casa de banho privada ou apartamento com auto-serviço, localizado centralmente.
- Refeições em restaurante: entre 15 e 25 euros por pessoa
No total, como guia aproximado, uma viagem de uma semana a São Jorge com um carro alugado pode custar entre 500 e 750 euros por pessoa (com as opções mais baratas de carro, alojamento e restaurantes).
Apps úteis para viajar para São Jorge
Recomendamos algumas aplicações a instalar no seu telemóvel que serão úteis para a sua viagem a São Jorge:
- SpotAzores (Android/iOS/Web): aqui pode ver todas as webcams em diferentes partes das ilhas para ver como está o tempo. Como o tempo é muito variável e pode estar a chover numa parte da ilha e ensolarado noutra, esta aplicação é a forma mais rápida de garantir e evitar viagens desnecessárias.
- Windy (Android/iOS/Web): aplicação essencial para as nossas viagens, ainda mais nos Açores. Permite-lhe ver previsões de chuva, nuvens, vento, etc. para o ajudar a planear os seus dias com base no tempo (pois há lugares que perdem muito, dependendo do tempo). Obviamente, as previsões não são 100% fiáveis. Também mostra as webcams disponíveis
- GoogleMaps (Android/iOS): é aquele que utilizamos para guardar/classificar todos os lugares para onde queremos ir/já fomos e como GPS nos carros alugados. Pode ver as opiniões de outras pessoas sobre os locais, fotografias, menus de restaurantes, números de telefone dos locais para os contactar, etc.
- Maps.me (Android/iOS): aplicação semelhante ao Google Maps mas funciona offline (embora o Google Maps também possa funcionar offline) e em muitos casos tem informação que o Google Maps não tem, especialmente para trilhos. Útil sempre que vai fazer um trilho, para se orientar, descarregar o percurso a partir do site oficial dos trilhos dos Açores (clique em Downloads->GPS), etc.
Dicas e recomendações para desfrutar da ilha de São Jorge
- As piscinas naturais têm quase todas chuveiros de água doce (o que é óptimo) mas não use champôs e sabonetes com produtos químicos nesses chuveiros. Um duche rápido para lavar o sal e já está.
- Não permita a perturbação, poluição e destruição dos habitats de nidificação dos cagarros. Os cagarros são uma ave migratória que nidifica nos Açores e que dará alguma banda sonora à sua viagem (mais apreciada por algumas pessoas que por outras, sobretudo a meio da noite) com o seu canto particular de “awa awa” como se entoassem o refrão da música Video Killed the Radio Star. De modo a evitar situações de captura ou atropelamento de cagarros jovens na estrada, o Governo dos Açores promove anualmente a Campanha SOS Cagarro que aconselhamos conhecer quando chegar ao arquipélago.
- Nunca tente tocar ou alimentar um animal – não seja cúmplice de maus tratos a animais!
- Não comprar artesanato feito de animais marinhos ou retirado do mar (por exemplo, dentes de golfinhos, conchas de tartaruga, mandíbulas de tubarão, marfim de cachalote, …). O comércio do marfim, atualmente o único produto valioso do cachalote, continua a ser um argumento para os caçadores. Comprar artesanato local feito de materiais alternativos tais como madeira, pedra ou marfim vegetal.
- Se visitar a ilha no Verão e apreciar o mar, lembre-se que por vezes pode encontrar uma medusa (aguaviva) ou uma Caravela portuguesa cuja picada é dolorosa e perigosa. O bom, é que estas últimas flutuam e são facilmente detetáveis, mas se vir uma, saia imediatamente da água e avise os outros da sua presença. Caso tenha sido picado por uma das duas, é muito importante que siga estas recomendações oficiais: não raspe ou coce a zona da picada (para evitar que o veneno se propague); não limpe com água doce ou álcool, limpe apenas com água do mar e com muito cuidado; e no caso de uma picada de caravela portuguesa, procure cuidados médicos o mais rapidamente possível.
- Respeite as outras pessoas e a ilha: não ponha a sua música alto na praia ou piscina natural (se quiser ouvir música, use auscultadores), não deixe lixo, não atire pontas de cigarro, etc. Deixe a praia melhor do que a encontrou (se encontrar plástico, apanhe-o).
- Em algumas zonas os banhos podem ser perigosos devido a fortes correntes. Não se arme em pessoa corajosa…
- Nos trilhos, por vezes passar-se-á através de portões de madeira fechados, que terá de abrir e, muito importante, fechar novamente, pois estes são muitas vezes os limites da terra com vacas a pastar no seu interior.
- Viaje sempre com seguro de viagem: despesas médicas, roubo ou problemas com o seu avião numa viagem podem custar-lhe muito dinheiro, por isso o ideal é fazer um seguro de viagem. Utilizamos sempre a IATI e recomendamo-la. Se subscrever o seu seguro através deste link, recebe um desconto de 5%.
Checklist: o que levar na sua mochila/mala para a ilha de São Jorge
Aqui está uma lista de coisas imprescindíveis para levar consigo na sua viagem à Ilha de São Jorge:
- Garrafa reutilizável como uma destas para transportar sempre água consigo. Evitará a utilização de plástico de utilização única.
- Calçado Aquático Aquashoes como estes ideais para levar sempre consigo para usar em superfícies rochosas ou escorregadias
- Sapatos de trekking porque a melhor maneira de conhecer os Açores é através de caminhadas. Na Randomtrip temos estes da Columbia.
- Kit Snorkel (máscara e tubo de snorkel) como estes, imprescindível para levar nesta viagem e contemplar o fundo do mar.
- Mochila à prova de água / Saco impermeável como esta, muito útil para não molhar o seu equipamento fotográfico, telemóvel e carteira em qualquer passeio de barco (ou mesmo se a maré subir na praia)
- T-shirt de lycra de manga comprida com proteção UV que usamos para nos protegermos da água fria ou do sol quando fazemos mergulho, como uma destas.
- Gola para o pescoço como alguna de estas para proteger-se do vento e do frio
- Toalha de secagem rápida como uma destas que, para além disso, não ocupa muito espaço na sua mochila/mala
- Chapéu ou boné e óculos de sol para o proteger quando o sol está forte
- Casaco cortavento impermeável: ideal para ter sempre à mão para as mudanças repentinas de clima nos Açores. No Randomtrip temos este e este
- Consiga os artigos da Decathlon que levamos em todas as nossas viagens ao melhor preço
- Máquina fotográfica para registar as aventuras e mais tarde recordar. No Randomtrip usamos uma Sony ZV-E10 e uma Gopro Hero12 Black (para imagens subaquáticas) nas nossas viagens
- Powerbank: com tantas fotos vai gastar muita bateria, por isso é sempre bom levar uma boa powerbank. No Randomtrip viajámos com estes dois powerbanks (Xiaomi 20000 mAh y Anker 10000 mAh), que nos permitem carregar tanto os nossos smartphones como a máquina fotográfica
- Protetor solar: tente sempre escolher um protetor solar Reef Friendly, ou seja, que proteja a sua pele sem prejudicar os ecossistemas marinhos, evitando ingredientes como a oxibenzona e o octinoxato, que são prejudiciais para os corais. Também um protector que não tenha sido testado em animais
- Repelente de mosquitos, no Randomtrip costumamos levar Relec Extra Forte mas leve o que preferir desde que contenha uma percentagem mínima de 15% de DEET (ingrediente recomendado pela OMS)
- Kit de primeiros socorros: no nosso kit de primeiros socorros há sempre algum medicamento contra o enjoo (como a biodramina para o enjoo nos barcos), antibióticos, anti-diarreicos (e alguns probióticos para recuperar mais rapidamente), anti-histamínicos, analgésicos e antipiréticos
- Seguro de viagem, claro. Se contratar o seu seguro de viagem através deste link terá um desconto de 5%.
As primeiras horas em São Jorge fizeram com que a ilha entrasse imediatamente para o nosso top açoriano e cada dia que passava foi sempre em crescendo. Chegámos a uma casa no meio da Fajã do Ouvidor, com o sorriso de Sónia e da sua mãe Isabel, provámos as espécies caseiras que tinham feito para nos receber e saudámos a ilha com um mergulho na Simão Dias, uma das mais belas piscinas naturais que alguma vez vimos. No regresso dos mergulhos, conhecemos a arte de Isabel que se manifesta nas suas colchas e almofadas, e a do seu marido, em todos os armários de madeira da casa. Provámos as aguardentes caseiras na adega da família, um delicioso caldo de peixe no seu terraço e, depois de quatro horas (bem regadas), apercebemo-nos de que não tínhamos trancado a porta da casa. Está tudo bem, estamos em São Jorge. E já estamos a contar os dias para regressar.
Aviso: A Autatlantis ajudou-nos a explorar São Jorge com um dos seus veículos mas todas as opiniões e informações expressas neste post são nossas.