Bragança é uma cidade com um legado histórico que reflete a sua importância no país. Rodeada pela natureza onde se podem avistar lobos, veados e centenas de espécies de aves, convida-nos a respirar fundo entre trilhos biodiversificados e a abrandar em encantadoras aldeias onde o preto dos telhados de ardósia, contrasta com as cores ousadas dos tradicionais caretos que passeiam pelas suas ruas como seres de outro mundo. E tudo isto é regado com a hospitalidade transmontana. Natureza, cultura, gastronomia ou aventura, Bragança tem todos os ingredientes para uma escapada surpreendente onde o melhor é o seu povo sorridente.

Neste guia tentamos refletir tudo o que Bragança e os seus arredores têm para oferecer com sugestões práticas, roteiros, onde ficar e até restaurantes que recomendamos, para que a sua escapadela a Bragança seja tão incrível como a nossa foi.

Explorámos Bragança e arredores com outro colega blogueiro, Paloma e decidimos chamar-nos Equipa “Vaya Careto”. Quando terminar de ler o guia, compreenderá porque…

Se não tiver muito tempo, salte diretamente para a secção O que ver em Bragança durante um dia.

Conteúdos

Informação prática para visitar Bragança e arredores

Bragança é a capital do distrito homónimo no nordeste de Portugal que faz fronteira, a norte e leste com Espanha, especificamente com a Galiza (província de Ourense) e com Castela e Leão (província de Zamora). Pertence à região portuguesa de Trás-os-Montes e desempenhou um papel crucial na defesa da fronteira portuguesa, com um legado histórico visível em cada passo que damos na cidade. Além disso, o município faz parte da Reserva da Biosfera Transfronteiriça de Meseta Ibérica reconhecida pela UNESCO e goza de um património natural com muita biodiversidade com dois parques naturais (Parque Natural de Montesinho e Parque Natural do Douro Internacional), o Geopark Terras de Cavaleiros e uma parte importante do Parque Natural Regional do Vale de Tua.

Moeda: Euro

Idioma: Português

População: 34581 (em 2021)

Orçamento diário: A partir de 50 euros/dia por pessoa (aprox.). Mais informações aqui

Clima: O clima da zona é conhecido como “9 meses de inverno, 3 meses de inferno”. Os melhores momentos para visitar Bragança são geralmente a Primavera e o Outono. Mais informação aqui

Alojamento: Pode pernoitar em Bragança para explorar a cidade e os seus arredores ou, como nós, dormir numa das suas aldeias lindas como Rio de Onor (ficamos na Casa da Portela) ou Montesinho para uma experiência de turismo rural. Mais informação aqui

Duração: Mínimo 1 dia para visitar a cidade, recomenda-se 2 ou 3 dias para explorar a área circundante e as aldeias. Mais informação aqui

Como chegar: o aeroporto mais próximo é o do Porto (2h15 de carro), onde pode obter voos de baixo custo com a Easyjet ou Ryanair (recomendamos que utilize comparadores de voo como Skyscanner e Kiwi e que seja flexível com datas). Se não tiver carro (pode alugar na Discover Cars), a única maneira de lá chegar é de autocarro (bilhetes do Porto a partir de 5 euros por viagem).

Transporte: A melhor forma de se deslocar na região é de carro. Se precisar de alugar um carro, encontre o melhor preço em sites de comparação como o Discover Cars. Mais informação aqui

Medidas Covid-19: Verifique aqui aqui as medidas atuais em Portugal

Castelo de Bragança

Quando visitar Bragança e arredores

Dependerá do que se pretende fazer. Em geral, a melhor época é a Primavera ou o Outono, uma vez que se trata de uma zona com uma grande amplitude térmica de invernos muito frios e verões muito quentes (diz-se normalmente na zona que o clima consiste em 9 meses de Inverno e 3 meses de inferno).

Se quiser ir numa época particularmente animada culturalmente, então procure visitar Bragança durante as festas da cidade (em Agosto), as “Festas de Rapazes” (entre o Natal e a Epifania) ou no Carnaval.

Tabela do tempo em Bragança, com temperaturas e dias chuvosos por mês:

MesTemperatura mínimaTemperatura máximaDias de chuva
Janeiro8
Fevereiro6
Marzo12º7
Abril15º9
Maio20º8
Junho12º24º5
Julho14º27º3
Agosto14º27º3
Setembro12º23º4
Outubro17º8
Novembro11º8
Dezembro8
MesTemperatura mínimaTemperatura máximaDias de chuva
Parque Natural de Montesinho

Como chegar a Bragança

Bragança está localizada no nordeste de Portugal, fazendo fronteira com Espanha, em Ourense e Zamora. A forma mais comum de visitar a cidade (tanto a partir de Portugal como de Espanha) é de carro, como tal será útil ter o seu próprio carro para visitar a zona ao seu ritmo. Se precisar de alugar um carro, encontre o melhor preço em sites de comparação como o Discover Cars. Mais informação aqui.

Se viaja de longe ou não quer chegar de carro, o aeroporto mais próximo é o do Porto (2h15 de carro), onde pode obter voos de baixo custo com a Easyjet ou Ryanair de várias cidades espanholas (recomendamos que utilize comparadores de voo como Skyscanner e Kiwi e que seja flexível com datas).

Não há ligação ferroviária em Bragança, portanto, se não tiver carro, a única maneira de lá chegar é de autocarro. Pode consultar os horários e preços em, por exemplo, https://rede-expressos.pt/ (bilhetes do Porto a partir de 5 euros por viagem).

Rua dos Museus, Bragança

Quantos dias dedicar a Bragança e arredores

Se apenas quiser ver o centro da cidade, um dia pode ser suficiente para ter uma boa ideia da cidade, embora dois dias sejam ideais, especialmente se quiser visitar a cidade ao seu próprio ritmo e desfrutar dos seus museus.

Se também quiser visitar a área circundante (Rio de Onor, Montesinho, etc.), que recomendamos vivamente, então o ideal seria passar pelo menos 2-3 dias (um fim-de-semana ou um fim-de-semana prolongado).

Rio de Onor

O que visitar e fazer em Bragança e arredores

Mapa de Bragança

Aqui está um mapa Google Maps com todos os locais de interesse em Bragança que recomendamos no guia, para que o possa levar consigo no seu smartphone:

Deixamos-lhe também um mapa turístico da cidade de Bragança e um mapa turístico de toda a zona de Terras de Trás-Os-Montes.

Centro de Bragança

Um passeio por Bragança é um passeio por mais de cinco séculos de história. O seu belo centro histórico amuralhado com ruas estreitas de calçada de xisto é dominado por um dos castelos mais bem preservados de Portugal (pelo menos, dos que conhecemos). Do ponto de visão de uma ave, é possível ver claramente a cidadela dentro de outra Bragança mais recente, que está separada por nada menos do que 900 anos de história. Os seus monumentos levam-nos de volta à Idade do Bronze e à presença de romanos, suevos e visigodos. E fora das muralhas? Arte urbana, praças, jardins e mesmo uma rua cheia de cultura repleta de museus e, conhecida, claro, como a “Rua dos Museus”: cinco museus em apenas 300 metros de rua. Tudo isto acompanhado por uma deliciosa gastronomia, bom vinho e até uma cerveja de castanha original. Aguçámos o seu apetite? Deixe-nos apresentar-lhe o centro de Bragança.

Castelo de Bragança

Um dos castelos mais bonitos e bem conservados que conhecemos em Portugal devido a várias restaurações ao longo da história, o Castelo de Bragança é um castelo medieval que alberga, na sua torre de menagem, o Museu Militar da cidade, distribuído por cinco andares. Está localizado, junto à cidadela, na parte superior da cidade, no lado esquerdo do rio Fervença.

Está aberto de terça-feira a domingo (das 9:00h às 12:00h e das 14:00h às 17:00h) e o preço de entrada é de 3 euros por pessoa (gratuito para crianças menores de 12 anos). Pode escalar a Torre da Princesa, recriando a lenda que lhe dá o seu nome.

A lenda da Torre da Princesa fala de uma princesa órfã que viveu aqui com o seu tio, o senhor do castelo. Um dia, a princesa apaixonou-se por um homem nobre e corajoso, mas (todas estas histórias têm um mas) jovem sem um tostão. O jovem partiu em busca da sua fortuna, prometendo à princesa que não voltaria até que fosse digno o suficiente para lhe pedir a mão. Entretanto, a princesa recusou qualquer proposta de outras partes interessadas. Até que um dia o seu tio a obrigou a aceitar a proposta de um cavalheiro rico que tinha prometido casar com a sua sobrinha. A princesa desobrigou-se ao pretendente, dizendo-lhe que o seu coração pertencia a outro, mas o seu tio descobriu. Muito zangado com a princesa pelo que tinha feito, o tio da princesa decidiu usar outra forma de coerção e manipulação: nessa noite, invadiu os aposentos da princesa entrando por uma porta disfarçado de fantasma do jovem a quem pertencia o coração da sua sobrinha. Este fantasma disse que a princesa tinha de casar com o novo pretendente ou seria condenada à desgraça e a arder no inferno. A princesa ficou de coração partido e estava prestes a concordar com a proposta quando um raio de sol entrou pela janela, embora fosse noite, revelando que não era um fantasma mas sim o seu tio. Naquele momento, a princesa decidiu não quebrar a sua promessa de amor e trancou-se na torre do castelo que desde então leva o seu nome. Não se sabe se o jovem que tinha ido em busca de fortuna alguma vez regressou, mas as duas portas do castelo ficaram conhecidas como a Porta da Traição e a Porta do Sol.

Domus Municipalis e Igreja de Santa Maria

Um exemplo único de arquitectura civil românica em toda a Península Ibérica, o Domus Municipalis bragantino é um exemplo a não perder. Construído no século XII, acredita-se que tenha servido como local de encontro e de aproveitamento da água da chuva e da água do rio Fervença, nas proximidades.

Quase ao lado e, na nossa opinião, roubando alguma da ribalta que o Domus Municipalis merece, está a Igreja de Santa Maria. Também conhecida como Igreja de Nossa Senhora do Sardão, originalmente românica, é considerada a igreja mais antiga de Bragança. No interior, podemos contemplar pinturas tridimensionais.

Está aberta de terça-feira a domingo (das 9:00h às 17:00h) e a entrada é gratuita.

Pelourinho de Bragança e Porca da Vila

O Pelourinho de Bragança, símbolo de autonomia e poder senhorial, é um dos mais antigos do país. Segue uma tipologia típica da região norte de Portugal, constituída por uma base proto-histórica (500 anos a.C.), sob a forma de um berrão (escultura zoomórfica) colocado sobre uma coluna do século XII ou XIII.

O berrão é conhecido como“Porca da Vila” e leva-nos de volta às origens da cidade por ter feito parte de um culto aos povos primitivos de Trás-os-Montes, caracterizado por uma economia agro-pastoril. Têm um carácter místico e protetor e estão por isso normalmente localizados (há mais exemplos em Portugal e na província de Salamanca) na entrada ou no centro das cidades.

A título de curiosidade, gostaria de vos dizer que no local do Pelourinho, originalmente erguido em frente ao Domus Municipalis, se encontrava a antiga Igreja de Santiago.

Museu Ibérico da Máscara e do Traje

Situado na rua principal da cidadela de Bragança, este museu conta a história de uma das mais importantes tradições culturais de Trás-os-Montes: os famosos caretos transmontanos através das suas máscaras e trajes.

Carregados de simbolismo, é impossível falar de Trás-os-Montes sem falar das suas máscaras. São o símbolo dos ritos e rituais, da passagem de um estado de consciência para outro mais mistificado: aqueles que usam a máscara adquirem outra personalidade e vivem um mistério, especialmente nos rituais dos Festivais de Inverno. Falamos-vos mais sobre os caretos na aldeia de Aveleda, onde vimos como eles são criados e como são utilizados.

Na verdade, neste museu podemos encontrar não só máscaras e fatos de Trás-os-Montes, mas também, da vizinha Zamora, uma vez que é o resultado de uma cooperação transfronteiriça e as máscaras e fatos dessa região estão também, aqui representados.

Através da sua coleção de fatos, máscaras, fotografias e vários objetos, percebemos que existem mais caretos do que aldeias! e que cada uma tem uma história para contar e um festival associado a ela. A maioria dos caretos e trajes são usados durante as “Festas dos Rapazes” ou durante o Carnaval.

Madeira, lã, estanho ou cortiça são as matérias-primas utilizadas pelos artesãos para dar vida a estas personagens em cores arrojadas que nos levam de volta ao tempo dos Celtas. Os mais elaborados, feitos de couro, pele e cortiça, recorrem a mais elementos zoomórficos, tais como raposas, lobos e cobras, e outros simplesmente representam figuras diabólicas, aterradoras mas ao mesmo tempo misteriosas e fascinantes. São as máscaras do Inverno transmontano e trazem diversão a todos os cantos desta terra, simbolizando a vida.

O museu apresenta cerca de 50 personagens distribuídas por três andares com uma banda sonora de música tradicional para acompanhar esta viagem: um andar dedicado aos Festivais de Inverno de Trás-os-Montes, outro às Mascaradas de Inverno de Zamora e outro dedicado aos trajes utilizados nos Festivais de Carnaval das duas regiões, deixando também um espaço dedicado aos artesãos, aos artistas destas obras de arte, e às exposições temporárias.

O museu está aberto de terça-feira a domingo das 9:00h às 13:00h e das 14:00h às 17:00h. A entrada é gratuita e se desejar uma visita guiada tem de a solicitar com antecedência.

Rua dos Museus

E chegamos à rua Bragantina mais cultural, Rua Abílio Beça, mais conhecida como Rua dos Museus, porque nesta rua podem-se encontrar cinco museus em menos de 300 metros:

  • Centro de Arte Contemporânea Graça Morais: além de expor as obras de uma das minhas pintoras portuguesas preferidas, Graça Morais, em sete salas, este museu é um projeto arquitetónico de Souto de Moura, vencedor de um Prémio Pritzker em 2011. Para além de obras de Graça Morais, apresenta também exposições de outras coleções de arte contemporânea. Aberto de terça-feira a domingo das 10:00h às 18:30h. Preço de entrada: 2 euros/pessoa, grátis para crianças menores de 10 anos.
  • Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano: visa preservar as experiências das comunidades judaicas que habitaram a região de Trás-os-Montes, narrando a sua história. Aberto de quarta-feira a domingo das 9:30h às 13:00h e das 14:00h às 17:30h. Entrada gratuita.
  • Memorial e Centro de Documentação Bragança Sefardita: um espaço que complementa o centro anterior e ensina, de uma forma didática e interativa, um lado mais religioso. Aberto de quarta-feira a domingo das 9h30 às 13h00 e das 14h00 às 17h30. Entrada gratuita.
  • Centro de Fotografia Georges Dussaud: dedicado ao trabalho do fotógrafo francês e à fotografia em geral. Existem várias exposições temporárias e uma coleção única de Dussaud que desenvolveu o seu trabalho em Portugal e, em particular em Trás-os-Montes, desde 1980. Aberto de terça-feira a domingo das 9:00h às 12:30h e das 14:00h às 17:30h. Entrada gratuita.
  • Museu do Abade de Baçal: situado no edifício do antigo palácio episcopal da cidade, este museu pretende mostrar a história da região de Trás-os-Montes a nível religioso, social, político e económico desde a pré e proto-história da região (sociedades de reunião) até ao século XIX. Aberto de terça-feira a domingo das 9:30h às 12:30h e das 14:00h às 18:00h. Entrada gratuita.

Marron Oficina da Castanha

A região de Trás-os-Montes é o maior produtor nacional de castanhas (e um dos maiores da Europa) e isto é visível na sua gastronomia, onde provámos esta deliciosa fruta em pastelaria transmontana, como guarnição em diferentes pratos e mesmo em algumas propostas mais gourmet. O que não esperávamos era experimentar uma deliciosa cerveja de castanha!

Fizemo-lo na Marron Oficina da Castanha, um centro de interpretação interativo dedicado ao processo de elaboração e transformação da castanha, onde é possível não só conhecer tudo isto, mas também ter uma prova de licores, cerveja e doces de castanha e também, comprar produtos na sua loja. Se tem um desejo por qualquer um dos itens acima, deve saber que eles têm uma loja online.

Pode visitar o centro Marron todos os dias das 10:00h às 13:00h e das 14:30h às 19:30h. A entrada é gratuita. Se desejar complementar a sua visita com uma prova de licores e doces de castanha, pode reservá-la aqui por 5 euros/pessoa.

Praça da Sé e Sé Velha

Ponto central da cidade Bragantina, o nome desta grande praça vem da sua vizinha, a Sé Velha, a antiga catedral da cidade, construída no século XVI.

Inicialmente a catedral foi planeada para servir de convento para as freiras Clarissas, a pedido do Duque de Bragança, mas acabou por ser um colégio jesuíta, um dos mais prestigiados da região. Com a expulsão da Companhia de Jesus de Portugal, o edifício passou para as mãos da diocese de Miranda do Douro. A sede diocesana foi transferida de Miranda do Douro para Bragança em 1764, mas a diocese (sempre pensando grande), acreditou que o edifício não era suficientemente grande para a Sé e ordenou a adição de um novo edifício, convertendo o complexo conventual e a igreja consagrada a São João Baptista e ao Santo Nome de Jesus numa catedral diocesana.

No centro da praça encontra-se o Cruzeiro da Sé, que merece ser visto em pormenor.

Praça Camões

Muito próximo da anterior, a Praça Camões foi Mercado Municipal no passado, e é atualmente palco de vários eventos, tais como o Carnaval dos Caretos. É também a partir desta praça que se pode aceder a vários espaços culturais tais como a Biblioteca Municipal, o Conservatório de Música, a Academia de Letras de Trás-os-Montes, a Biblioteca Adriano Moreira e o Centro Cultural Municipal Adriano Moreira (localizado no resto do complexo arquitetónico do convento, recuperado em 2004).

Igreja da Misericórdia

Esta pequena igreja foi construída em 1539, e a sua fachada foi ladrilhada no século XIX. No seu interior, destaca-se o seu altar, talhado por Manuel de Madureira em 1682, com a figura central da Senhora da Miséricordia.

A igreja pode ser visitada todos os dias das 9:30 às 17:30 horas.

Igreja de São Vicente

Segundo a crença popular, a maior lenda de amor da história de Portugal – a lenda de Pedro e Inês (abaixo está um resumo deste “Romeu e Julieta” português) aconteceu em Bragança e, mais especificamente, nesta igreja, a Igreja de São Vicente. Aparentemente foi aqui, na igreja de São Vicente, que D.Pedro I casou secretamente com Inês de Castro e um painel de azulejos na fachada norte da igreja comemora esta união.

Não sabemos se a união secreta é verdadeira, mas o que acreditamos é que só por isto vale a pena visitar, e a igreja (e, sobretudo, o seu teto) é muito bonita.

A lenda de Pedro e Inês: O príncipe D. Pedro I de Portugal (filho do rei D. Afonso IV) e Inês de Castro, a dama de companhia de D. Constança (com quem D. Pedro I contraiu um casamento combinado) apaixonaram-se loucamente e viveram um romance proibido. Quando o rei descobriu, mandou exilar Inês de Castro e expulsá-la da corte. Antes disto acontecer, D. Constança morreu e Pedro e Inês sentiam-se livres para viver a sua história de amor, acredita-se que se casaram em segredo, para tornar a sua relação oficial, aqui, em Bragança, na Igreja de S. Vicente. Tiveram filhos e viveram felizes durante 10 anos até que o rei D. Afonso IV ordenou o assassinato de Inês e dos seus filhos na Quinta das Lágrimas, em Coimbra. Conta a lenda que D. Pedro I nunca perdoou ao seu pai e que quando D. Afonso IV morreu e D. Pedro I foi coroado rei, exumou o corpo de Inês e ordenou um cortejo fúnebre pelas ruas de Coimbra com todas as honras da nobreza e depois coroou-a rainha de Portugal, obrigando todos os membros da corte a beijar a mão do seu cadáver. Inês de Castro é conhecida em Portugal como a mulher que, após a morte, foi rainha.

Igreja e Convento de São Francisco

Este enorme edifício do século XIII (reconstruído sobre uma estrutura medieval pré-existente) foi inicialmente um convento, que passou por várias renovações ao longo dos anos. Mais tarde, a área conventual foi adaptada para a instalação do hospital militar, e hoje parte do edifício é utilizado como Arquivo Distrital de Bragança.

Museu Nacional Ferroviário de Bragança

Localizado no antigo edifício onde os comboios “dormiam” depois de viajarem ao longo da sinuosa linha férrea do Tua, este museu leva-nos de volta no tempo, e exibe mais de duzentas peças que faziam parte da vida quotidiana de milhares de passageiros e trabalhadores ferroviários no seu dia-a-dia.

Ficámos muito impressionados com o expositor com antigos bilhetes de comboio e carruagens transformadas em verdadeiras salas de exposição interativas onde se pode saber mais sobre a “Linha do Tua”, considerada uma das mais belas de Portugal.

Aberto de terça-feira a domingo das 9:00h às 13:00h e das 14:00h às 17:00h. A entrada é gratuita.

Existem dois outros museus na cidade que não visitámos mas que poderão achar interessantes:

  • Centro Ciencia Viva: ideal se for com crianças, este museu está localizado numa antiga central de produção de eletricidade e tem uma exposição interativa dedicada à ciência, ao património geológico e biológico da região, bem como à energia, ao ambiente e à reciclagem. Aberto de terça-feira a sexta-feira das 10:00 às 18:00, sábado e domingo das 11:00 às 19:00. A entrada é de 2,50 euros por pessoa (1 euro para crianças menores de 6 anos).
  • Centro de Memoria Forte S. João de Deus: devido à sua posição estratégica, Bragança teve um papel muito importante na defesa das fronteiras portuguesas e o forte S. João de Deus foi construído precisamente para reforçar o sistema defensivo da cidade após a restauração da independência em 1640. Este museu tem um espaço interativo onde se pode aprender sobre a presença militar na cidade. Aberto de segunda a sexta-feira das 08:30h às 17:30h. Entrada gratuita.

Arte Urbana no Centro de Bragança

Bragança tem arte para todos os gostos e se gosta de arte de rua, pode encontrar mais de 50 obras de arte nas suas ruas.

Como parte do Sm’arte-Festival de Street Art de Bragança, vários artistas nacionais e estrangeiros foram convidados a encher as ruas de Bragança com a sua arte. Por exemplo, se gostar de Bordalo II, tem três das suas obras na cidade: Gineta, Camaleão e Javali. Mais informações sobre todas as obras de Arte de Rua em Bragança neste link

Corredor Verde

Um passeio ao longo do rio Fervença através do qual se pode chegar ao Centro de Ciência Viva de Bragança (ideal para ir com crianças), a Casa da Seda, o miradouro da Capela de Nossa Senhora da Piedade ou o Parque Urbano da cidade.

Arredores de Bragança

Embora seja verdade que a cidade de Bragança foi uma surpresa, foi nos seus arredores que encontrámos os nossos locais favoritos da viagem. Se tiver tempo, não hesite em dedicar alguns dias a algumas destas jóias naturais e aldeias encantadoras do município.

Rio de Onor

Em Rio de Onor começámos esta viagem transmontana, tal como um dos meus escritores favoritos, José Saramago (Prémio Nobel da Literatura em 1998), escolheu iniciar a sua “Viagem a Portugal”. Assim que chega a esta aldeia, compreende porque foi escolhida como uma das 7 maravilhas de Portugal. Aqui, “o tempo não tem pressa” como nos disse o amável Paulo, o nosso anfitrião na bela Casa da Portela onde ficámos.

O seu nome vem do rio que a atravessa e nas suas emblemáticas ruas estreitas de casas de xisto entende-se que estamos apenas a um passo de distância das terras espanholas (de Rihonor de Castilla), pois nunca se sabe se a pessoa com que te cruzas te cumprimentará em português, espanhol ou mesmo em Rionorês (o seu próprio dialeto), mas pode ter a certeza de que será cumprimentado em qualquer língua ou dialeto. Na realidade, estas duas cidades são “a mesma”, separadas por uma fronteira virtual (embora muito física e real após a Revolução dos Cravos e recentemente, no início da pandemia). Os habitantes referem-se a ambas as áreas como aldeia de cima e aldeia de baixo (“pueblo de arriba” e “pueblo de abajo”).

Está localizada a 26 km de Bragança e caracteriza-se pelo seu comunitarismo, característica que persiste até hoje onde o forno, os moinhos, os terrenos agrícolas e até os rebanhos são partilhados entre a sua população.

É, portanto, uma aldeia especial, como Jorge Dias escreveu no seu livro “Rio de Onor-Comunitarismo Agro-Pastoril” de 1953, uma obra que atraiu Saramago para iniciar aqui a sua viagem. Esta característica (e orgulho) de ser uma aldeia comunitária é também evidente no mural que encontramos assim que chegamos à aldeia, que diz “Rio de Onor, Aldeia Comunitária”.

Embora o melhor plano em Rio de Onor seja passear pelas suas ruas e conversar com o seu povo, com quem certamente aprenderá, há várias coisas a fazer em Rio de Onor. Na Casa do Touro (cujo nome vem do touro comunitário da aldeia) tentaram criar um espaço de memória que nos leva de volta ao passado tanto através das fotografias e vídeos onde podemos ver o trabalho comunitário como através da banda sonora, com música tradicional de gaitas de foles.

Também neste espaço nos explicaram o que era a vara da justiça no Rio de Onor: um pau de madeira onde escreviam as multas com riscas, multas essas que eram pagas em vinho. A vara da justiça foi marcada pelo rio, e as multas foram anotadas no mesmo. Como curiosidade, a pior multa foi excluir o vizinho da comunidade. Pode visitar a Casa do Touro de quarta-feira a domingo, das 12:30h às 18:30h (entrada gratuita).

Rio de Onor tem também uma igreja do século XIX e a ponte fotogénica do mesmo século sobre o rio. É precisamente aqui que encontrará outro lugar maravilhoso para ficar nesta aldeia especial:a Casa do Rio.

Foi na bela ponte que começámos a caminhar em direcção ao percurso“Percurso do Carvalho“, um percurso de 7,5 km (aproximadamente 2 horas) entre lameiros, quedas de água e vistas, passando por um carvalho centenário que lhe dá o nome. O Carvalho Negral é uma árvore de interesse público, e assim que a vimos tivemos de a abraçar. Falamos-lhe mais sobre este e outros percursos na área em Melhores trilhos para Caminhadas em Bragança e arredores.

Neste trilho poderá ter a sorte de avistar veados, raposas, javalis e lobos. Se quiser saber mais sobre este último, visite o Centro de Interpretação do Lobo Ibérico (muito perto, em Zamora), pois esta é a área com a maior concentração deste animal.

Quando regressámos do trilho, uma surpresa aguardava-nos: Bruno, um barman especializado, tinha-nos preparado dois cocktails muito transmontanos: um sem álcool e outro com álcool à base de licor de castanha. Ofereceu-nos também, para acompanhar, o doce regional, a brigantina, feita de farinha de castanha, mel e nozes.

Se não tiver cocktails à sua espera, não se preocupe, pode sempre fazer o Ronda das Adegas de Rio de Onor, um passeio pelas diferentes adegas da aldeia onde se pode provar o vinho de cada vizinho.

Fomos também à Casa das Máscaras em Rio de Onor onde se podem comprar algumas recordações artesanais destas maravilhas transmontanas. A propósito, Rio de Onor é o único lugar em Trás-os-Montes onde existe uma careta, nas outras aldeias transmontanas as personagens são todas caretos.

Obrigada ao Paulo da Casa da Portela pela sua hospitalidade, por partilhar tantos conhecimentos e por aquele delicioso folar caseiro feito pela sua mãe, não conseguimos imaginar melhor forma de começar esta viagem por Terras de Trás-os-Montes.

A vista que tínhamos ao acordarmos na Casa da Portela, Rio de Onor

Às vezes, começa-se pelo que está mais longe. O natural seria, estando em Bragança, ver o que a cidade tem para mostrar, e depois deitar as vistas em redor, pedra aqui, paisagem acolá, respeitando a hierarquia dos lugares. Mas o viajante traz uma ideia fixa: ir a Rio de Onor. Não é que da visita espere mundos e maravilhas, afinal Rio de Onor não passa duma pequena aldeia, não constam por lá sinais de godos ou de mouros, porém quando um homem mexe em livros colam-se-lhe à memória nomes, factos, impressões, e tudo isto se vai elaborando e complicando até chegar, é este o caso, às idealidades do mito. O viajante não veio fazer trabalho de etnólogo ou de sociólogo, dele ninguém esperará supremas descobertas nem sequer outras menores: tem apenas o legítimo e humaníssimo desejo de ver o que outras pessoas viram, de assentar os pés onde outros pés deixaram marcas. Rio de Onor é para o viajante como um lugar de peregrinação: de lá trouxe alguém um livro que, sendo obra de ciência, é das mais comovedoras coisas que em Portugal se escreveram. É essa terra que o viajante quer ver com os seus próprios olhos. Nada mais.

“Um Bagaço em Rio de Onor”, Viagem a Portugal, José Saramago

Varge

Na pequena aldeia de Varge (na estrada que liga Rio de Onor à cidade de Bragança) parámos com um objetivo: comer no famoso restaurante “O Careto“, especializado em carnes grelhadas (embora também tenham bacalhau, como nos disseram “devido ao grande número de pessoas de Espanha que os visitam à procura deste prato), com bons preços e porções abundantes.

Se for, não perca um passeio pelas ruas estreitas, atravessando o rio com a sua ponte de pedra, e admirando a obra de arte urbana centrada nos “caretos” (de que lhe falámos anteriormente neste guia), ambos ao lado da ponte (aqui exactamente). Durante os dias 25 e 26 de Dezembro, Varge celebra o no Dia de Santo Estêvão a Festa dos Rapazes. A aldeia fica repleta de pessoas e “caretos”, um espetáculo que vale a pena visitar.

Aveleda

Se no Museu do Traje e da Máscara em Bragança aprendemos sobre os diferentes caretos da região, na aldeia de Aveleda vimos como eles nascem! Foi em Máscaras d’Aveleda que conhecemos Isidro Rodrigues, o artista por detrás destas obras de arte, vendo-o criar ao vivo, os seus caretos de lata.

Os caretos são uma tradição ancestral, uma das mais emblemáticas da região e as suas origens remontam à antiguidade pagã, quando se comemorava um novo ciclo da natureza no Solestício de Inverno. As figuras diabólicas, uma união entre o mundo dos animais e o mundo humano, celebram o tempo renovado e a aproximação da Primavera, com a promessa de abundantes colheitas. São também utilizados na transição ritual da adolescência para a idade adulta, razão pela qual alguns fatos transportam campainhas e bexigas de porco como símbolo de fertilidade. Só na era cristã é que as festividades foram integradas no calendário religioso e a razão pela qual são realizadas entre os doze dias que separam o Natal da Epifania (Festas dos Rapazes) ou durante o Carnaval.

Todos os caretos têm as suas particularidades dependendo da aldeia onde são criados e na Aveleda a matéria-prima utilizada é principalmente o estanho, o queixo do careto é geralmente em forma de bico e o nariz também é normalmente apontado. O artesão Isidro disse-nos que se inspira nas máscaras dos anos 60 e 70, uma vez que não encontrou nenhuma anterior.

Uma visita que recomendamos vivamente durante a sua estadia em Aveleda e uma das mais belas memórias que pode trazer de volta a casa. Uma face de Aveleda já habita uma das paredes da nossa casa. Se quiser ter a certeza de que Isidro está lá quando for, ligue-lhe para +351 924 491 484 ou envie-lhe um e-mail para rodrigues.isidro@gmail.com.

Aldeia de Montesinho

Esta típica aldeia transmontana, no coração da Serra de Montesinho, está situada a uma altitude de quase 1000 metros e é, juntamente com Rio de Onor, uma das mais belas aldeias por onde passamos nesta viagem. As casas de xisto com telhados de ardósia que lembram as costas de um dragão são limpas e floridas e por vezes até convidam a entrar.

Foi o que nos aconteceu quando passamos em frente à Lagosta Perdida, uma bela casa rural propriedade de um holandês e uma britânica que se apaixonaram na Ilha Escocesa de Skye (onde ele estava no negócio da lagosta) e depois de muitas viagens e buscas escolheu Montesinho para viver. O nome da sua incrível casa onde pode ficar, a Lagosta Perdida, vem do facto de que uma lagosta em Montesinho, só pode andar perdida…

Ficámos encantados por conhecer Robert a contar a sua história de amor com Sally e como decidiram instalar-se aqui, na maravilhosa casa dos Lagos Perdidos, onde pode ficar.

Enquanto passeia pelas ruas estreitas de Montesinho, pode visitar a Igreja de Santo António ou, um pouco mais longe na bela Vinhais, o Centro Interpretativo de Montesinho – Casa da Vila onde pode conhecer a caracterização geológica e o modus vivendi do seu povo.

Parque Natural de Montesinho

Uma das jóias da região, o Parque Natural de Montesinho alberga 74.000 hectares de biodiversidade, desde Quintanilha até Vinhais.

Há várias formas de conhecer o parque, a melhor é caminhar, andar de bicicleta de montanha ou 4×4 como o passeio que fizemos com Nélio Fraga da Aventura Norte.

Nestas caminhadas é possível contemplar a rica e diversificada flora e fauna do Parque. Concentra mais de 70% dos mamíferos em Portugal e é possível ver espécies como o lobo ibérico, o javali, a raposa, o veado e o corço. Vimos alguns destes últimos e recomendamos vivamente a atividade de avistamento de veados com a Aventura Norte. A melhor altura para os ver é durante a época de cio (Setembro-Outubro), quando é mais provável ouvi-los e vê-los, especialmente ao amanhecer e ao anoitecer.

Se gosta de observar aves, o Parque Natural de Montesinho tem mais de 120 espécies de aves para observar (sentimos falta das cegonhas negras) e um local privilegiado para o fazer: Lama Grande, situado na parte alta da Serra de Montesinho, entre as aldeias de França e Montesinho, o único lugar em Portugal onde o pipito alpino vive e nidifica. Nos céus por cima do parque também se podem ver águias douradas, caudas brancas, tordos de pedra, garças cinzentas e pequenas gaivotas de areia.

Também se podem descobrir espécies únicas de borboletas, uma grande variedade de cogumelos (parte do tesouro gastronómico de Trás-os Montes) e, se for na Primavera, uma grande concentração de papoilas.

O Parque Natural de Montesinho surpreende com a sua natureza, que não deixa ninguém indiferente e que se estabeleceu como um dos maiores centros de diversidade biológica da Europa. Recomendamos algumas paragens no seu percurso pelo parque:

Miradouro da Cidadela

Desde o Miradouro da Cidadela, na Estrada do Turismo, terá uma das melhores vistas da cidadela de Brangaça, com o seu castelo no centro. Se o tempo permitir, é também um excelente local para observar o pôr-do-sol.

Capela e Miradouro de São Bartolomeu e Miradouro do Castelo de Bragança

Continuando pela mesma estrada (Estrada do Turismo) encontraremos outra zona com miradouros sobre a cidade de Bragança com excelentes vistas, como o Miradouro do Castelo de Bragança e o Miradouro de São Bartolomeu, este último junto à capela com o mesmo nome. Devido à altura, as vistas são espetaculares, quase aéreas, pelo que podemos apreciar toda a cidade de Bragança com a sua cidadela e o seu castelo como protagonistas.

Miradouro de São Bartolomeu. Foto da Comunidade Intermunicipal de Terras de Trás-os-Montes

Mosteiro de Castro de Avelãs

A poucos quilómetros de Bragança encontra-se este mosteiro medieval que em tempos serviu de refúgio para monges beneditinos ricos. Foi extinta em meados do século XVI, mas o que atrai os visitantes de hoje é que é o único exemplo da arquitetura românica mudéjar em Portugal, evocando um estilo ibero-muçulmano. Diz-se que muitas das figuras mais ilustres da época em que havia reis e rainhas em Portugal, passaram aqui a noite.

Basílica de Santo Cristo de Outeiro

Vale a pena uma visita, não só pela sua magnitude arquitetónica, mas também porque é a única basílica do país construída numa aldeia, não numa cidade. A Basílica de Santo Cristo de Outeiro foi construída no século XVII e era originalmente um templo que, depois de ter sido abandonado, esteve envolvido num milagre quando, em 1698, se diz que a imagem de Santo Cristo derramou sangue. Após o milagre, foi construído um santuário que se tornou um lugar de peregrinação. Em 1927, a basílica foi classificada como Monumento Nacional. Depois de contemplar a basílica, passeie pelas ruas e praça da aldeia de Outeiro e, se tiver energia para isso, suba a colina onde ainda se encontram os restos do Castelo de Outeiro.

Capela de Nossa Senhora da Ribeira

Se gosta de lendas, venha a esta capela, onde a lenda medieval diz que a Virgem Maria apareceu aqui a uma pastora muda que, após o encontro, começou a falar. É um Monumento Nacional e tem sido preservado ao longo dos séculos.

Serra de Nogueira

Partilhada por Bragança com os municípios vizinhos de Macedo de Cavaleiros e Vinhais, a Serra da Nogueira (também conhecida como Serra da Pena Mourisca) alberga a maior área de carvalho negro (Carvalho Negral) da Europa. Tem um santuário, Santuário de Nossa Senhora da Serra, do qual podemos obter excelentes vistas dos arredores, e também um par de zonas de piquenique. Deixamos aqui uma rota não oficial para o caso de querer conhecer melhor este lugar fora dos trilhos habituais.

Gimonde

Não chegámos a ir, mas ficamos com muita vontade de a visitar. Se, depois de Rio de Onor e Montesinho, tiver tempo e apetência para a vida rural, não perca a aldeia de Gimonde e as suas pontes fotogénicas: a velha ponte, feita de xisto (de origem romana), e a nova ponte, feita de granito.

Mais um motivo para se apaixonar pelas encantadoras aldeias da região de Trás-os-Montes.

Os melhores trilhos para caminhadas em Bragança e arredores

  • Percurso do Carvalho (PR11): uma das rotas oficiais do “Nove Passos” de Trás-Os-Montes de que falaremos mais abaixo, uma rota circular de 7 km (cerca de 2h). Mais informações e brochura oficial
  • Rota para o cume da Serra de Montesinho: rota circular de aproximadamente 8 km (com cerca de 270 m de subida) desde a aldeia de Montesinho até à barragem da Serra Serrada. Mais informação

Pode ver mais trilhos oficiais para caminhadas em Bragança aqui

A Comunidade Intermunicipal de Terras de Trás-os-Montes criou um passaporte natural chamado “Nove Passos” no qual se podem obter carimbos para cada um dos nove percursos na comunidade transmontana. Já temos o nosso primeiro carimbo no Percurso do Carvalho e mal podemos esperar para voltar e ir em busca dos outros: Percurso Sabor (em Alfândega da Fé), Percurso Quercus (em Macedo de Cavaleiros), Percurso São João das Arribas (em Miranda do Douro), Percurso Vale de Lobo (em Mirandela), Percurso Cascata da Faia da Água Alta (em Mogadouro), Percurso Vilarinho das Azenhas e Ribeirinha (em Vila Flor), Percurso Castelo de Algoso (em Vimioso) e Percurso Biospots Alto da Ciradelha (em Vinhais).

Para além das caminhadas, se gosta de BTT, tem a rota da Serra de Montesinho, a cerca de 40 km da aldeia de Montesinho passando pela Cova da Lua. O percurso segue a extensão do parque com a presença constante do rio Sabor.

Bragança é também palco de vários eventos desportivos da natureza, tais como o Bragança Granfondo (um passeio de bicicleta pelas aldeias históricas com o apoio dos Caretos), a Maratona Ibérica da Castanha (uma corrida de bicicleta de montanha no Parque Natural de Montesinho) ou o Trilho Zoelae (uma corrida de trilhos pela terra dos carvalhos centenários).

Onde ficar em Bragança

Como neste guia recomendamos que visite não só a cidade de Bragança mas também as zonas circundantes da região, acreditamos que o ideal é dormir numa zona rural como a maravilhosa aldeia de Rio de Onor ( lá ficámos, na Casa da Portela), embora também se possa ficar no centro da cidade onde há mais opções.

Onde ficar no centro de Bragança

  • Baixa Hotel: no centro histórico, quartos duplos com vista para o castelo a partir de 45 euros/noite
  • Hotel Ibis Bragança: quartos duplos pequenos e básicos, a partir de 45 euros/noite
  • Casa da Praça: Também no centro da cidade, esta casa modernamente renovada tem 2 quartos e vistas da cidade, a partir de 75 euros/noite.
  • Hotel São Lazaro: Hotel com quartos espaçosos e modernos, piscina, vista para o castelo e pequeno-almoço incluídos, a partir de 95 euros/noite.
  • Pousada de Bragança: a 5 minutos do centro de Bragança pode dormir numa pousada com vista para o castelo e para a cidade a partir de 160 euros/noite.
Pousada de Bragança. Foto de Booking

Pode ver mais alojamento no centro de Bragança aqui.

Onde ficar nos arredores de Bragança: Rio de Onor, Montesinho e Gimonde

  • Casa da Portela (Rio de Onor): O alojamento onde ficámos, novinho em folha e com tudo o que precisa. Quartos duplos a partir de 70 euros/noite, pequeno-almoço incluído. Ficámos na suite com varanda e vista para a aldeia. A cama era super confortável e à noite o silêncio é absoluto, ideal para descansar.
O nosso quarto na Casa da Portela
  • Casa do Rio (Rio de Onor): casa tradicional para 4 pessoas (2 quartos) com pequeno-almoço incluído e vista para o rio, a partir de 140 euros/noite
Outra excelente opção de alojamento no Rio de Onor: Casa do Rio
  • A Lagosta Perdida (Aldeia Montesinho) quartos duplos incluindo pequeno-almoço e jantar a partir de 130 euros/noite
Uma Lagosta Perdida se optar por ficar em Montesinho (tem uma piscina).
  • Estrela de Montesinho (arredores de Bragança): moradias para 6 pessoas (6 quartos) com vista, pequeno-almoço incluído e piscina partilhada, a partir de 220 euros/noite.
  • O Abel Hotel Rural (Gimonde): no mesmo Restaurante O Abel (que recomendamos abaixo) está este hotel rural com quartos duplos modernos com vista para o jardim e pequeno-almoço incluídos, a partir de 50 euros/noite.

Pode ver mais acomodações nos arredores de Bragança aqui

Restaurantes que recomendamos em Bragança e arredores

Restaurantes que recomendamos no centro de Bragança

  • Solar Bragançano: restaurante familiar com comida tradicional, onde a especialidade são pratos de caça (javali, veado, perdiz, …). Do que provámos, destacamos a sopa de castanha, a alheira e qualquer uma das sobremesas caseiras.
  • Alma Lusa: no centro de Bragança, um lugar muito acolhedor com comida de fusão portuguesa. Se quiser fugir da “carne transmontana”, que é tradicional nesta parte de Portugal, este é o lugar para si, com opções vegetarianas e pratos para partilhar. O serviço foi excelente e assim foi com tudo o que provámos, especialmente a cavala fumada, o pica-pau, o bacalhau e as brusquetas vegetarianas. As sobremesas caseiras também são incríveis, por isso deixe espaço para provar algumas delas.
  • Taverna do Javali: com vista para o castelo de Bragança, um excelente restaurante de fusão com comida transmontana tradicional. Ideal para petiscar e partilhar, provámos vários pratos dos quais destacamos o brás de outono, as bolas de alheira, e o hambúrguer.
  • Restaurante O Javali: o restaurante “original” de onde nasceu a Taverna do Javali está localizado na periferia da cidade e serve comida transmontana tradicional.
  • O Celta: foi-nos recomendado para uma bebida à noite, ao lado do castelo, embora não fôssemos lá.
  • Tasca do Zé Tuga: também junto ao castelo, restaurante tradicional do chef Luis Portugal, famoso por participar e ganhar na versão portuguesa do programa Master Chef.
  • Marron Oficina da Castanha: embora não seja exatamente um restaurante, vale a pena a visita para provar diferentes doces e bebidas feitas com castanhas (tais como cerveja de castanha ou bolo de castanha), bem como para visitar o seu museu da castanha.

Restaurantes que recomendamos nos arredores de Bragança: Rio de Onor, Varge e Gimonde

  • Restaurante O Careto (Varge): um restaurante lendário na zona onde se pode comer carnes grelhadas e bacalhau em abundância a um preço muito bom.
  • Palheiro (Rio de Onor): restaurante vegetariano, um dos poucos da zona, propriedade de um encantador casal (ele é da parte alemã da Suíça).
  • O Abel (Gimonde): restaurante tradicional com um pequeno menu, comida abundante e bons preços. O prato estrela é o Posta Á Abel (carne grelhada).

Roteiros de viagem para Bragança

Como terá visto pela leitura do nosso guia turístico de Bragança, a zona tem muito a oferecer, pelo que, dependendo do número de dias disponíveis, terá de dar prioridade aos locais a visitar. Como orientação, aqui estão dois roteiros sugeridos, um para um dia no centro de Bragança e outro para um fim-de-semana, visitando também a área circundante.

O que visitar e fazer em Bragança num dia

Se tivéssemos apenas um dia, dedicá-lo-íamos a visitar o centro histórico de Bragança:

  • Indo à Rua dos Museus entrando nos museus que queremos visitar
  • Caminhando pela sua cidadela (Castelo, Domus Municipalis…).
  • Pausa para almoço (por exemplo, na Taverna do Javali)
  • Continuamos a nossa visita através das ruas de Bragança para visitar algumas das suas igrejas.
  • Visita ao Museu Ibérico da Máscara e do Traje
  • Ir à Marron Oficina da Castanha
  • Se tivermos tempo, na periferia, visitar o Mosteiro de Castro de Avelãs e a Capela de São Bartolomeu, de onde nos despedimos de Bragança com uma vista incrível sobre a cidade.

O que visitar e fazer em Bragança em 2-3 dias (um fim-de-semana): Bragança e arredores

  • Dia 1: Chegada ao alojamento rural (ex. Casa da Portela em Rio de Onor), primeiro passeio à volta da aldeia e jantar no centro de Bragança (ex. Alma Lusa).
  • Dia 2: percurso pedestre em Rio de Onor (PR 11 passando por Carvalho Negral), passeio em Rio de Onor e almoço em O Careto (Varges). Depois do almoço, um passeio em Varges. Se possível, visite a oficina de Isidro em Aveleda para ver como é feito um careto (máscara tradicional) e até comprar um, como lembrança. Em seguida, visita num 4×4 ao Parque Natural de Montesinho com Aventura Norte (Aldeia Montesinho, reservatórios, etc.). Se tivermos tempo, podemos também visitar Gimonde. Jantar no centro de Bragança (por exemplo, no Solar Bragançano).
  • Dia 3: Começamos de manhã cedo, com um avistamento de veados na natureza. Depois disso, dedicamos o dia ao centro de Bragança, visitando a Rua dos Museus, entrando nos museus que queremos visitar, percorrendo a cidadela (Castelo, Domus Municipalis…). Pausa para almoço (por exemplo em Taverna do Javali) e continuar a visita a pé por Bragança para visitar algumas das suas igrejas, o Museu Ibérico da Máscara e do Traje, a Marron Oficina da Castanha e se nos restar tempo, na periferia, visitamos o Mosteiro de Castro de Avelãs e a Capela de São Bartolomeu, de onde nos despediremos de Bragança com vistas incríveis sobre a cidade.

Randomtip: Se tiver tempo, acrescente alguns dias à sua viagem no belo Vale do Douro português. Está ao lado de Trás-os-Montes (de facto, fazem parte da mesma província Trás-os-Montes e Alto Douro) e é um destino incrível. Pode fazer um passeio de barco no rio Douro com vista para as vinhas, uma visita a uma adega onde podem provar alguns dos melhores vinhos do país ou visitar as gravuras rupestres de Foz Côa (a maior coleção de arte paleolítica ao ar livre do mundo). E estas são apenas algumas das surpresas que a região esconde. Brevemente o nosso artigo com sugestões desta zona.

Careto na aldeia de Varge

Transporte: como mover-se por Bragança e arredores

Se não tiver carro próprio e quiser visitar a zona à volta de Bragança, recomendamos que alugue um carro (ou no seu local de origem, ou quando chegar ao Porto, se vier de avião). Os preços dos carros variam enormemente dependendo da empresa, do tipo de carro e da antecedência com que se faz a reserva, por isso o ideal é comparar os preços em sites de comparação como o Discover Cars e tentar reservar com a maior antecedência possível.

No nosso caso, visitámos Bragança juntamente com o Vale do Douro numa viagem de 10 dias a partir de Lisboa, por isso alugámos um carro em Lisboa utilizando a Discover Cars e escolhemos uma empresa local, a Cael, onde nos deram um Citröen C3 novinho em folha (com 700km) por 19 euros/dia e foi tudo perfeito. Lembre-se sempre de comparar não só o preço final mas também as condições (apólice de excesso, o que está incluído e o que não está incluído no seguro, as opiniões de outras pessoas, etc.).

A Thelma & Louise (Inês de Randomtrip e Paloma de Un Blog de Palo) de Montesinho no 4×4 da Aventura Norte

Quanto custa uma viagem a Bragança e arredores?

Como sempre, dar um orçamento genérico é muito difícil, pois depende muito do seu estilo de viagem. O que podemos fazer é dar-lhe um guia de preços e pode utilizá-lo para elaborar o seu orçamento:

  • Alojamento: a partir de 45 euros por noite para um quarto com casa de banho privada ou apartamento com auto-serviço, localizado centralmente.
  • Refeições em restaurante: entre 10 e 25 euros por pessoa por restaurante almoço/jantar
  • Excursões: a partir de 30 euros/pessoa

A isto teria de acrescentar os custos de viagem a partir do seu local de origem, que variam enormemente dependendo do método de transporte e da distância. Para estimar o orçamento, digamos cerca de 60 euros de ida e volta com gasolina e portagens.

No total, como guia, uma viagem de fim de semana (duas noites) a Bragança com o seu próprio carro pode custar entre 250 e 350 euros por pessoa (com as opções mais baratas para alojamento e restaurantes e algumas excursões).

Rio de Onor, o nosso local preferido da viagem

Apps úteis para viajar para Bragança

  • Windy (Android/iOS/Web): aplicação essencial para as nossas viagens. Permite-lhe ver previsões de chuva, nuvens, vento, etc. para o ajudar a planear os seus dias com base no tempo (pois há lugares que perdem muito, dependendo do tempo). Obviamente, as previsões não são 100% fiáveis. Também mostra as webcams disponíveis.
  • Google Maps (Android/iOS): é aquele que utilizamos para guardar/classificar todos os lugares para onde queremos ir/já fomos e como GPS nos carros alugados. Pode ver as opiniões de outras pessoas sobre os locais, fotografias, menus de restaurantes, números de telefone dos locais para os contactar, etc.
  • Maps.me (Android/iOS): semelhante ao Google Maps mas funciona offline (embora o Google Maps também possa funcionar offline) e em muitos casos tem informação que o Google Maps não tem, especialmente para trilhos.

Checklist: o que levar na sua mochila/mala para uma viagem por Bragança e arredores

Aqui está uma lista de imprescindíveis que não se pode esquecer de trazer na sua viagem a Bragança:

  • Botas ou ténis confortáveis (e idealmente, impermeáveis) para caminhar pela cidade ou por alguns dos trilhos circundantes. Nós temos estas botas da marca Columbia e adoramos pois são à prova de água (à prova de poças dos trilhos bragantinos) e protegem o tornozelo
  • Uma garrafa de água reutilizável como uma destas para transportar água consigo em qualquer altura. Evitará a utilização de plástico de utilização única.
  • Um impermeável para levar na mochila porque o tempo está instável.
  • Uma gola como uma destas para proteger o pescoço do vento: é leve, não ocupa espaço e pode evitar uma dor de garganta.
  • Máquina fotográfica para as aventuras em Bragança e arredores. Nós levamos a nossa Sony A5100 e uma GoPro para filmagens subaquáticas e aéreas no caso de existirem quaisquer atividades deste tipo.
  • Power Bankcom tantas fotografias gastará muita bateria, por isso é sempre útil ter uma power bank sempre à mão. Nós viajamos com estes 2 (Xiaomi e Anker), que nos permitem carregar os nossos smartphones, câmara fotográfica e GoPro.
  • Kit de primeiros socorros: o nosso kit de primeiros socorros deve incluir um medicamento contra os enjoos (como a biodramina para os enjoos em barcos), antibióticos, anti-diarreicos (e um probiótico para nos ajudar a recuperar mais rapidamente), anti-histamínicos, analgésicos e antipiréticos. E, claro, o nosso seguro de viagem (através deste link, recebe um desconto de 5%).

Um grande obrigada aos incríveis companheiros de viagem com quem partilhámos esta aventura e que a tornaram muito mais divertida: Paloma de Un blog de Palo e Nélio Fraga de Aventura Norte, o nosso guia incansável que nos explicou cada passo em pormenor e nos fez sentir em casa.

Obrigada também ao Pablo do blog Viaje con Pablo por ter convidado o Randomtrip e organizado esta aventura transmontana.

Obrigada ao João Cameira, da Câmara Municipal de Bragança, por partilhar tantas dicas e tanta paixão pela sua terra. Aprendemos tanto consigo em apenas algumas horas que gostaríamos que se prolongassem por muitas mais. Uma edição especial da “Viagem a Portugal” de Saramago já vive em nossa casa por sua causa.

E, claro, muito obrigada Trás-os-Montes e, especialmente, Bragança e Rio de Onor, pelo vosso povo, pela vossa gastronomia e pela vossa natureza. Voltaremos brevemente!

Incrível pôr-do-sol algures entre Bragança e Rio de Onor

Disclaimer: a Comunidade Intermunicipal de Terras de Trás-os-Montes convidou-nos a visitar Bragança e arredores, mas todas as opiniões e informações expressas neste post são nossas.

Todas as fotografias e conteúdos são da autoria do Randomtrip (exceto aqueles que expressam claramente a sua fonte) e têm todos os direitos reservados.

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