Ponte de Lima é nada mais nada menos do que a “vila mais antiga de Portugal“. Atravessar a bela ponte sobre o rio Lima, que lhe dá o nome, foi a primeira coisa que fizemos. Encontrar um imenso vale verde que nos fez agradecer a chuva que estava a cair naquela manhã (em vez de a amaldiçoar por nos ter molhado), foi a segunda coisa que fizemos. Dir-lhe-emos tudo o resto neste post. Verá tudo o que Ponte de Lima tem para oferecer e que pode perfeitamente fazer num fim-de-semana.
Conteúdos
O que visitar e fazer em Ponte de Lima
Ponte Romana e arredores do rio
O nome Ponte de Lima vem precisamente daqui: a ponte sobre o rio Lima. Há uma bela história sobre ela, que pode ler aqui e que resumimos brevemente para si:
Na sua conquista da Península Ibérica, os romanos chegaram a este rio e de repente pararam e congelaram diante dele. Porquê? Porque quando viram este rio, todos assumiram que estavam diante do “rio do esquecimento” (o rio Lethes), cuja lenda dizia que a pessoa que o atravessasse, enfeitiçada pela sua beleza, esqueceria tudo sobre a sua vida anterior: a sua pátria, a sua família, o seu próprio nome.
Embora os comandantes tenham dado ordens para avançar, os soldados permaneceram paralisados: ninguém queria atravessá-la, por medo de esquecer tudo.
Foi então que o líder supremo, Décimo Júnio Bruto, montou o seu cavalo do outro lado do rio, para provar aos soldados que nada aconteceria. Quando chegou ao outro lado do rio, começou a chamar os seus soldados pelo nome, um por um, provando efetivamente que não se tinha esquecido e que não havia nada de errado em atravessar o rio. O rio não era o Lethes e, por isso, não havia nada com que se preocupar…
Em honra desta lenda, numa das margens do rio podemos ver a estátua de Décimo Júnio Bruto, no seu cavalo, a chamar os seus soldados. E, do outro lado, alinhados e à espera, os seus soldados vigiam o seu líder.
Vale a pena dar um passeio entre os soldados e viajar no tempo com esta lenda. E não se preocupe que não nos esquecemos de nada, ainda nos lembramos de tudo depois de atravessar o rio, tanto que estamos a capturá-lo neste post para si!
Continuando em direção à ponte, do lado das estátuas dos soldados, há também duas esculturas interessantes, uma dedicada ao folclore e a outra ao trabalho no campo.
Vamos atravessar a ponte em si: é o monumento principal de Ponte de Lima, e é uma ponte de origem medieval. Tem 380 m de comprimento, e tem duas partes, a romana e a medieval. A parte romana foi construída para ligar Astorga a Braga no século V, e uma parte dela está preservada, constituída por 5 arcos. A parte medieval foi o resultado de uma reconstrução da ponte no século XIV. A ponte, hoje em dia, é pedonal, e um ponto de passagem obrigatório se for a Ponte de Lima.
Da ponte pode apreciar a bela vista da vila de um lado (um pouco estragada pelos carros na zona de estacionamento mesmo à frente, na nossa opinião), o vale verde do outro, e o próprio rio Lima.
Chegando ao outro lado (do lado onde se encontra a estátua de Décimo Júnio Bruto) chegamos a um monumento dedicado ao Caminho de Santiago, que passa por aqui:
À direita temos a igreja de “Santo António da Torre Velha” e a “Capela do Anjo da Guarda”.
Imediatamente a seguir estão o “Museu do Brinquedo Português” e o “Parque do Arnado”, sobre os quais vos falaremos.
Museu do Brinquedo Português
Horário de abertura: aberto das 10:00 às 18:00 horas todos os dias, exceto segunda-feira, que está fechado.
Preço: 3 euros.
Uma visita interessante e curiosa, na qual podemos aprender um pouco mais sobre a história de Portugal através da sua influência nos seus brinquedos.
Aprendemos como os brinquedos refletem a sociedade em que vivemos e como as suas formas se estão a adaptar às transformações sociais que nos rodeiam, e tornam claras, as que ainda têm de ser transformadas.
Se possível, recomendamos que o faça com um guia, que lhe falará de cada sala e a contextualizará.
Como dissemos, pode aprender mais sobre a cultura e história de Portugal do que pensávamos inicialmente. O museu mostra a evolução dos brinquedos fabricados em Portugal durante 100 anos, até 1986, e podemos apreciar as diferenças vendo o tipo de brinquedos que existiam nos diferentes períodos, os diferentes materiais, o aspeto dado às bonecas (mais conservador nas bonecas portuguesas), etc.
Uma área muito óbvia na qual infelizmente ainda não evoluímos muito é a distinção sexista entre brinquedos para rapazes e raparigas. No museu português do brinquedo, encontramos pequenas caixas cor-de-rosa para raparigas com mini máquinas de lavar roupa, mini kits de costura ou mini princesas. Para os rapazes, caixas azuis e verdes com brinquedos para aventuras, tiro com arco e equitação imaginária “durante quilómetros”. Nos corredores dos supermercados de hoje, encontramos as mesmas pequenas caixas, com as mesmas cores mas com tons brilhantes, não descoloridas.
Os brinquedos para raparigas estão ainda mais concentrados em tarefas de beleza e cuidados (kits de beleza cor-de-rosa, bebés para cuidar, aparelhos domésticos em miniatura, etc.), enquanto os brinquedos para rapazes estão ainda associados a aventuras, carros, desporto, etc., reproduzindo e perpetuando anacrónicos estereótipos machistas e educando as crianças numa sociedade patriarcal.
Quão pouco evoluímos, nesta matéria, desde os dias dos brinquedos de Salazar, o ditador português…
Parque Arnado
Quando saímos do Museu do Brinquedo Português (e discutindo tudo o que falta fazer em termos de igualdade de género) fomos arejar e respirar um pouco de ar fresco nos belos jardins ao nosso lado, no Parque do Arnado. Está dividido em vários jardins diferentes, tivemos um agradável passeio junto ao rio Lima e sentimos o cheiro das camélias em flor.
No final do passeio pelo Parque do Arnado, antes de atravessar novamente a ponte para o outro lado, vimos como um artesão pintava belas andorinhas de cerâmica na sua oficina. Não resistimos e compramos um par para a parede da nossa casa.
Avenida dos plátanos
Mesmo em frente ao Hotel Império do Norte, onde nos hospedámos, encontra-se a “Avenida dos plátanos”. É uma avenida para peões, forrada com muitas plátanos centenários (plantados em 1901) que tornam o passeio agradável e fotogénico.
Museu de Promoção do Vinho Verde (CIPVV)
Se gostar de vinhos (ou simplesmente aprender sobre eles), não pode perder o “Museu de Promoção do Vinho Verde”.
O Vinho Verde é uma denominação de origem do noroeste de Portugal, e não, não tem a cor “verde”: pode ser vermelho, branco ou rosé.
Não é consensual a designação deste nome, embora a teoria mais aceite seja a de que o “Verde” se deve ao facto de a região de Portugal onde estes vinhos são produzidos ser extremamente verde, devido ao clima chuvoso. Outras teorias dizem que o “Verde” se refere ao facto de serem vinhos jovens (verdes, pouco maduros), ou que é porque as uvas são vindimadas enquanto ainda estão verdes (o que não é verdade, as uvas são vindimadas quando atingem o ponto perfeito de maturação).
Se quiser saber mais, o museu é o lugar certo para ir! Tivemos a sorte de ser recebidos com um vídeo promocional e informativo sobre o Vinho Verde e depois prová-lo no local…
Passear pela cidade velha
Perder-nos nas ruas estreitas da cidade velha de Ponte de Lima foi o que mais gostamos de fazer. Subimos à “Torre da Cadeia Velha” para apreciar as vistas, saudámos a “Vaca das Cordas” em frente à imponente Igreja Matriz e provámos o licor de hidromel, supostamente a bebida alcoólica mais antiga feita pela humanidade…
Casa da Terra
Se ficar com fome, é uma boa ideia passar pela Casa da Terra. Se tiver apenas sede, também. Ou mesmo, se apenas quiser ir à casa de banho para ver o seu peculiar teto e decoração feita de “enchidos de pasta de papel” (mas que parecem tão reais como a famosa “alheira de galo” de Ponte de Lima).
O edifício onde está localizado é a antiga prisão feminina, que foi renovada, e que vale bem a pena visitar.
Estátua de Dona Teresa
Como dissemos no início deste post, Ponte de Lima gaba-se de ser a “vila mais antiga de Portugal”. Esta “terra” foi elevada à categoria de “vila” no ano 1125 pela rainha “Dona Teresa”. Em homenagem a ela, há uma estátua em Ponte de Lima que pode visitar:
Ecovia do Lima
Se gosta de entrar em contacto com a natureza, os municípios do vale do Lima (Viana do Castelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca e Arcos de Valdevez) criaram diferentes percursos ao longo do rio Lima, dando origem à “Ecovía do Lima“. O projeto está ainda em curso e o objetivo é criar uma rota circular que atravesse os 4 municípios.
Ainda não tivemos a oportunidade de fazer nenhum dos percursos e estamos ansiosos por isso! Pelo que nos foi dito e pelo que lemos, são muito bonitos e perfeitos, tanto para caminhar como para andar de bicicleta, por isso tomámos nota deles para a nossa próxima visita na Primavera.
Onde sair à noite em Ponte de Lima
Quando perguntamos por um lugar para sair à noite para uma bebida, todos recomendaram a zona de “A rampinha“. Fica mesmo no centro de Ponte de Lima, e há várias opções, todas próximas, pelo que é melhor passar por lá, dar uma vista de olhos, e ir até à que mais lhe agrada.
Fomos ao Chusso Bar, que tinha bom gin tonics a um bom preço (têm alguns bons gins como o Sharish, um gin português que adoramos) e música ao vivo a partir das 23:00 horas.
Também nos foi recomendado o Bar Klaustrofobia, com uma atmosfera mais “reggaeton” por isso se é a sua onda e apetece-lhe dançar, já sabe onde.
O que comer em Ponte de Lima
A rica gastronomia de Ponte de Lima baseia-se, como na maior parte de Portugal, na carne e no peixe. Os pratos mais típicos que deve provar se visitar Ponte de Lima e não for vegetariana/o/e são:
Arroz de Sarrabulho com feijão vermelho
Um dos pratos estrela de Ponte de Lima (também chamado “Arroz de Sarrabulho à moda de Ponte de Lima”). Consiste em arroz cozido na água em que a carne foi cozinhada, ao qual é adicionado sangue de porco, dando ao arroz uma cor castanha característica:
O arroz é acompanhado por um tabuleiro de diferentes carnes e enchidos (aqueles que foram cozinhados na água em que o arroz foi cozido), principalmente carne de porco. Esta mistura é chamada de “rojões”. Um prato poderoso e não adequado para todos os paladares!
Pode encontrá-lo em quase todos os restaurantes de Ponte de Lima. Metade do Randomtrip experimentou-o no restaurante RiverView, e gostou.
Bacalhau de cebolada
O mais típico bacalhau em Ponte de Lima é o “Bacalhau de cebolada”, que consiste em lombos de bacalhau fritos acompanhados de cebola escalfada, batatas fritas e cenoura ralada.
Experimentámo-lo no restaurante Encanada, que tem um terraço e uma vista para o rio. Muito saboroso, acompanhado por “vinho verde”.
Arroz de lampreia
O terceiro prato estrela de Ponte de Lima é o “Arroz de Lampreia”. A lampreia pode ser pescada no rio Lima e a melhor altura para provar este prato é de Janeiro a Junho.
Onde dormir em Ponte de Lima
Dormimos no Hotel Império do Norte, uma excelente opção mesmo no centro da cidade (ao lado da bela e fotogénica “avenida dos plátanos”), com vista para o rio, um saboroso pequeno-almoço buffet com uma grande variedade (incluído no preço) e estacionamento gratuito.
O nosso quarto no primeiro andar tinha uma pequena varanda com vista para o rio e a cama era super confortável.
O preço do quarto duplo com vista para o rio é de cerca de 70 euros/noite, embora haja frequentemente descontos na Booking.
Se estiver à procura de algo mais económico, tem outras opções como a Graciosa Guest House (a partir de 38 euros/noite), o Terraço da Vila (a partir de 40 euros/noite) ou um quarto no Hotel Rural Solar das Arcadas (a partir de 42 euros/noite).
Se, pelo contrário, estiver à procura de algo para passar um fim-de-semana especial, abriu recentemente o NHôme Country Living, um dos melhores alojamentos da região. Tem várias suites com vistas para as vinhas, uma piscina infinita e uma decoração de sonho:
Reserve a sua suite no NHôme Country Living aqui. Mais opções onde ficar em Ponte de Lima neste link.
Mapa com o que visitar
Neste mapa pode ver todos os lugares recomendados neste post:
Estamos muito gratos ao Turismo Porto e Norte de Portugal por nos ter convidado a conhecer Ponte de Lima da melhor maneira, e à Leticia de Trucosviajeros por nos ter posto em contacto.
*Visitámos Ponte de Lima em Março de 2018, a convite do Turismo Porto e Norte de Portugal. Todas as opiniões neste post são nossas e baseadas na nossa experiência.